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Transmissão de jogos na televisão aberta enche de esperança as meninas do Brasil

A Copa do Mundo de Futebol Feminina terá seus jogos exibidos na TV aberta. A edição de 2019, que acontecerá na França, terá os jogos da seleção brasileira transmitidos pela Rede Globo e pela Band. Em oito edições do campeonato, nunca se deu tanta importância para o futebol feminino, no Brasil, como se está dando hoje, e esse pequeno passo pode ser o começo de um novo olhar para as mulheres no esporte.

Desde as Olimpíadas do Rio em 2016, as pessoas estão direcionando suas atenções um pouco mais para o time feminino de futebol. Isso se deu porque, na época, a seleção de Neymar não fez uma estreia muito boa, enquanto as meninas voavam em busca do ouro. Mesmo com os rumos do grupo de Marta tendo mudado e elas sido eliminadas, a semente do futebol feminino foi plantada e é possível notar os frutos agora.

A prova disso é que, além da transmissão da Copa da França, o campeonato brasileiro feminino também terá vez na televisão aberta. Isso porque a Band fechou um acordo de três anos com a CBF no último dia 2 para transmitir o campeonato brasileiro feminino de futebol. Desde que fechou o contrato com o SporTV em 2017, os jogos contavam com transmissões apenas do Twitter — que continuará —, mas agora, com a ampliação do calendário feminino, a Band tem o direito de exibir um jogo por rodada da modalidade A-1 ou A-2. “Firmamos uma parceria muito grande com a CBF e um dos objetivos da entidade é fazer com que o esporte feminino chegue ao nível de visibilidade do futebol masculino. Vamos trabalhar muito para isso", afirmou o diretor de esportes da Band, José Emílio Ambrósio, ao site da CBF.

Outro incentivo para o aumento da atenção as atletas foi a lei que entrou em vigor no início deste ano que obriga os times da Série A do Brasileiro a terem um time — adulto e de base — feminino. Dos 20 times que disputarão a primeira divisão em 2019, apenas sete já tinham o futebol feminino estruturado: Vasco, Ceará, Santos, Grêmio, Corinthians, Flamengo e Internacional. A exigência não inclui a profissionalização do elenco feminino, mas quatro das sete equipes que já têm o projeto estruturado confirmaram que vão pagar salário as jogadoras em 2019, valores que vão de R$ 1,5 mil a R$ 4 mil.

Mas essa não é a primeira vez que uma lei é criada para estimular a implantação de clubes femininos. Em 2017, a Conmebol disse que só poderiam participar das Copas Libertadores e Sul-Americana os clubes que tivessem equipes femininas em atividade. Como a lei só entrou em vigor em 2019, alguns clubes deixaram para o último instante a implantação da equipe feminina. É o caso do Cruzeiro, que só apresentou seu time no final de fevereiro, investindo cerca de R$ 1 milhão nas jogadoras que farão seu treinos no Centro Olímpico da PUC Minas.

A esperança de mudanças no cenário do esporte feminino também se dá pelo aumento expressivo de mulheres na audiência das transmissões esportivas. Segundo o Kantar Ibope, a audiência feminina na ESPN cresceu 80% e isso motiva — além do uso mais significativo de comentaristas mulheres —, um investimento maior em exibições de esportes praticados por elas. A repercussão que a seleção feminina teve nas Olímpiadas derrubou o argumento de que ver jogo de mulheres não dava audiência, visto que a quarta maior audiência do evento de 2016 veio justamente do time da Marta.

Um exemplo de que investimento no futebol feminino dá frutos é a Espanha, país que tem se destacado nos estímulos financeiros e ideológicos à modalidade feminina. O país registra as maiores audiências nos campeonatos femininos mundiais e, no início do ano, as quartas de final da Copa da Rainha atraiu 50 mil pessoas ao estádio San Mamés, para ver as atletas de Athletic Bilbão e Atlético de Madri se enfrentarem.

Essa lei aliada com a transmissão da Copa do Mundo possibilitam um investimento maior que dará recompensas a longo prazo. Se trata mais de uma resposta que prioriza mudanças nas estruturas das transmissões do que resultados expressivos iniciais de audiência. Quando essas mudanças se consolidarem, as meninas de hoje verão que podem, sim, investir seus sonhos no futebol, pois conseguirão concretizá-los. A representatividade importa bastante, e uma torcedora de determinado time que antes só via homens defendendo a camisa do seu clube, agora poderá ver mulheres marcando gols e se inspirar nelas.

Emily Lima, ex-técnica da seleção brasileira, diz que a mídia está surfando na onda do empoderamento feminino e, com isso, trazendo visibilidade para a Copa do Mundo. Ela conta que a atitude é totalmente relevante, mas que não pode parar por aí, é necessário que os veículos de comunicação deem voz para os diversos campeonatos nos níveis nacional e estadual.

Atualmente, a seleção brasileira não anda numa fase muito boa. Com nove derrotas seguidas, o time não vence desde que bateu o Japão por 2x1, em julho do ano passado. No ranking mundial, está em 10°, sua pior posição na história. Parte dessa instabilidade é justificada pelas confusões administrativas e excessivas trocas de técnicos desde 2011. O descaso com o esporte é uma realidade na América do Sul. Mas, mesmo assim, as meninas enxergam nessa nova fase de transmissão dos jogos, uma oportunidade para futuras melhorias e incentivo para novas atletas.

Na história das Copas, a seleção brasileira nunca foi campeã, porém já disputou a final de 2007 perdendo de 2 a 0 para a Alemanha. Em 2003, ficou em terceiro lugar. Agora na Copa da França, o Brasil está no grupo C  junto com Austrália, Itália e Jamaica. Sua estreia é no dia 9 de junho com a Jamaica, no Stade des Alpes. O canal fechado SporTV transmitirá todos os jogos do campeonato.

Por Amanda Paiva

#JornalUnião

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