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Para ajudar as mulheres que moram distantes do centro urbano, uma parceria da Prefeitura de Londrina com o Governo do Estado do Paraná está levando aos distritos de Lerroville e de Guaravera serviços de orientação, esclarecimento e atendimento às mulheres vítimas de violência. O projeto de atendimento móvel às mulheres leva profissionais de diversas áreas como da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Saúde, Educação e Assistência Social.

Nesta sexta-feira (8), as 9h às 17h, os moradores encontrarão o serviço na praça do Distrito de Guaravera. As localidades foram escolhidas pela Secretaria de Políticas para as Mulheres devido à concentração de situações de risco e vulnerabilidade social. Amanhã (9), o veículo seguirá para Curitiba, onde encerrará as atividades deste ano, voltando a realizar o serviço itinerante pelo Paraná após as festividades de final de ano.

As mulheres que procurarem o ônibus lilás vão receber cartilhas informativas sobre a rede de serviços disponibilizada no Município de Londrina, assim como receberão instruções acerca dos procedimentos a serem tomados em casos de violência contra a mulher. Elas também poderão aferir a pressão arterial, medir o índice de glicemia, fazer testes rápidos para diversas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), receber encaminhamentos na área de saúde da mulher como para exames preventivos para câncer de colo de útero e mamografias, além do auxílio despendido pelo Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CAM).

O prefeito Marcelo Belinati contou que o ônibus vem de uma parceria do Governo do Estado e Prefeitura. “Hoje estará em Lerroville e amanhã em Guaravera oportunizando às mulheres diversas ações, desde as realizadas na área da saúde até orientação jurídica para a questão da prevenção à violência contra mulher e esclarecimentos quanto aos seus direitos. É uma ação importante, que faz com que o Governo do Estado e o Município possam juntos levar cidadania às pessoas dos locais mais distantes do centro urbano”, frisou.

A secretária municipal de Políticas para as Mulheres, em exercício, Maria Inês Galvão de Mello, lembrou que as dificuldades enfrentadas pelas mulheres moradoras de locais distantes dos centros urbanos é um agravante a outros fatores intrínsecos aos acarretados pela violência doméstica, como o medo em buscar ajuda. “A gente percebe que as mulheres que moram na cidade, na zona urbana, já tem uma certa dificuldade em procurar o serviço. Elas têm medo, o que é natural. Então, a dificuldade das mulheres que moram na zona rural é maior ainda. A ida do ônibus para a zona rural, aos quilombolas e assentamentos é um ganho muito grande para a cidade e, principalmente, às mulheres que terão oportunidade de terem todos os atendimentos da cidade em um único local. Terão a oportunidade de colocarem suas questões na área da saúde, do jurídico e de educação, ou seja, uma gama de serviços para atendê-las na maior parte das dificuldades que elas encontram. As que precisarem de qualquer encaminhamento já sairão de lá com isso”, explicou.

Violência em números -  De acordo com os dados oficiais da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, em Londrina, somente este ano, 268 mulheres procuraram o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CAM). Além delas, os profissionais receberam 241 denúncia de violência, realizaram mais de 400 casos e executaram mais de 1.200 atendimentos psicossociais.

Em relação ao ano passado, dentre todos os atendimentos realizados às mulheres vítimas de violência, 4% deles se referiam àquelas que vivem na zona rural de Londrina. Apesar desses números, a gerente do CAM, Lucimar Rodrigues, explicou que as notificações não representam a realidade, visto a não denúncia de grande parte das mulheres agredidas psicológica e fisicamente  no Brasil.

“Os números de casos não são os reais, porque muitas mulheres têm medo de denunciar e continuam no anonimato, não procuram ajuda e, na maioria das vezes, não têm registro de boletins de ocorrência. Muitas não procuram ajuda por vergonha, medo, dependência do parceiro ou por achar que o companheiro pode mudar. Por isso, indo até o local, o Município vai poder oferecer os atendimentos de orientação, mostrar que Londrina tem uma rede de atendimento de proteção e atendimento às mulheres em situação de violência, para ajudá-las a enfrentarem e romperem essa situação. ”, ressaltou Lucimar.

O CAM de Londrina recebe, mensalmente, cerca de 20 a 30 novos casos de violência contra a mulher. Já o serviço especial, ofertado pela Casa Abrigo Canto de Dália, de acolhimento às mulheres e seus filhos que correm risco de morte devido à violência, por ano, mantém 150 pessoas sob sua proteção.

A delegada de polícia da Delegacia da Mulher, Carla Gomes de Melo, lembrou que existe uma diferença grande entre a violência sofrida pelas mulheres e pelos homens, isto porque as mulheres sofrem abusos, ofensas e ataques físicos dentro de casa, enquanto aos homens, o mais comum é a violência praticada na rua, no âmbito externo a sua residência. “A violência é praticada contra a mulher dentro de casa e envolve muitas coisas como o sentimento, os filhos e a condição financeira. Ela vive naquele ambiente e com o parceiro que comete a violência, o que dificulta a busca pela ajuda. Quando a mulher chega a denunciar é porque ela não aguenta mais aquela situação. O que estamos tentando fazer é que não se chegue a este estágio, que ao primeiro sinal de violência a mulher procure seus direitos, a delegacia e os órgãos de atendimento à mulher. Porque a violência começa com um xingamento, com o parceiro pedindo desculpas e dizendo que a ama, depois vai para uma ameaça, um empurrão, um puxão de cabelo e uma agressão maior. É um ciclo que nunca acaba”, ressaltou.

Segundo os dados da Delegacia da Mulher de Londrina, de janeiro a novembro de 2017, foram registrados 1.048 boletins de ocorrência relacionados à ameaça, outros 608 devido lesões corporais, 175 injúrias; 62 casos de perturbação de sossego, 34 estupros, além de casos de assédio sexual, cárcere privado, coação, descumprimento de ordem judicial e outros. A delegacia também instaurou 253 inquéritos policiais de lesões corporais sofridas por mulheres, outros 361 de ameaças; 62 de injuria; 20 casos de perturbação de sossego; além de três feminicídios; dois homicídios tentados e um sequestro com cárcere privado.

Sobre o atendimento itinerante - O projeto do ônibus lilás leva atendimento na área da Assistência Social, orientação psicológica e jurídica e de segurança pública. No Paraná, são duas unidades móveis que, desde 2015, percorrem todo o Estado, procurando estabelecer o atendimento nas localidades mais distantes e vulneráveis. Em cada município, ele consegue atender, em média, 100 mulheres por meio de advogadas, assistentes sociais e psicólogas. O número é ainda maior se somadas as atividades educativas como palestras que também são ministradas pelo serviço.

De acordo com a chefe do escritório regional da Secretaria de Estado da Família e do Desenvolvimento Social, Deise Tokano, somente este ano, o ônibus esteve em 50 municípios paranaenses, sendo Londrina o último a receber o serviço em 2017. “O ônibus já esteve em mais de 50 municípios paranaenses justamente para levar atendimento às mulheres que estão distantes dos grandes centros e que não têm tanto acesso ao atendimento no âmbito da saúde, de justiça e garantia de seus direitos em relação à situação de violência. O resultado maior tem sido visto através do encaminhamento que tem sido feito. Nosso maior objetivo é fazer a integração dos serviços da rede. Isso facilita o atendimento e a resolução dos problemas das mulheres”, afirmou Deise.

São parceiros da iniciativa, as secretarias municipais de Saúde, Assistência Social, Educação, Fundação de Esportes de Londrina (FEL), Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Nós do Poder Rosa, Associação dos Aposentados da Prefeitura Municipal de Londrina, Câmara Municipal de Londrina, Conselho Regional de Farmácia, Instituto Federal do Paraná (IFPR) e Sindicato dos Bancários.

Rede de Serviços no Município -  Desde 1993, Londrina conta com o Centro de referência de Atendimento à Mulher (CAM), oferecendo atendimento multidisciplinar às mulheres em situação de violência. Até hoje, mais de 10 mil mulheres já receberam o atendimento de psicólogas, assistentes sociais e advogadas da Prefeitura. O CAM fica na Avenida Carlos Gomes, 145, no Jardim Lago Parque. O horário de atendimento é de segunda a sexta feira, das 8h às 18h e o telefone para contato é (43) 3378-0132.

O Município também oferta, desde 2005, a Casa Abrigo Canto de Dália. Ela destina-se a acolher temporariamente, em local adequado e sigiloso, mulheres em situação de violência doméstica e familiar sob risco de morte, acompanhadas ou não de seus filhos menores de 18 anos. Há serviço de assistência social, psicológico e de enfermagem.

As secretarias municipais de Saúde e de Políticas para as Mulheres também mantém o Programa Rosa Viva, que oferece atendimento às vítimas de violência sexual, que têm acesso aos medicamentos indicados para a contracepção de emergência e profilaxia de DST/Aids. O serviço funciona na Maternidade Municipal Lucila Balallai, que fica na Avenida Jacob Bartolomeu Minatti, 350 (próximo a Rodoviária). É possível obter mais informações pelo (43) 3339-8090.

Denúncias -  Os cidadãos que desejam denunciar situações de violência contra mulher podem telefonar para o Disque Denúncia 181 ou na Central de Atendimento à Mulher pelo 180, na Polícia Militar 190, na Polícia Civil 197 e no Centro de Referência de Atendimento à Mulher pelo 3378-0132.

Outras informações podem ser obtidas com a secretária de Políticas para Mulheres em exercício, Maria Inês Galvão de Mello, pelo 3378-0119 ou 3378-0114; com a gerente do CAM, Lucimar Rodrigues, pelo 98405-1545, com a chefe do escritório regional da Secretaria da Família e Desenvolvimento Social do Estado do Paraná, Deise Tokano, no 99957-5551 e com a delegada da Mulher, carla Gomes de Melo, pelo 3322-1633.

N.com

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