No Dia Mundial do Refugiado, conheça os campos que acolhem milhões pelo mundo
Uma em cada 113 pessoas no mundo é, atualmente, reconhecida como refugiado. O dado é apresentado pelo relatório “Tendências Globais” do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que registra o deslocamento forçado de pessoas pelo mundo. O documento, divulgado nesta segunda-feira (20), aponta um total de 65,3 milhões de pessoas deslocadas até o final de 2015, um aumento de quase 10% com relação a 2014.
Esta é a primeira vez que os números de deslocamento forçado ultrapassaram o marco de 60 milhões de pessoas. Os países que se destacam como origem de refugiados são: Síria, com 4,9 milhões de refugiados; Afeganistão, com 2,7 milhões e Somália, com 1,1 milhão. Já os países com maior número de deslocados internos são Colômbia (6,9 milhões), Síria (6,6 milhões) e Iraque (4,4 milhões), destaca o relatório.
O conceito de refugiado está previsto na Lei 9.474 de 1997, conhecida como Estatuto dos Refugiados. Segundo a legislação brasileira, é considerada refugiada a pessoa que, devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigada e deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.
A diretora do IMDH afirma que o Brasil recebe refugiados de diversas nacionalidades. Segundo o último relatório divulgado pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), até abril de 2016, 8.863 pessoas foram reconhecidas como refugiadas no Brasil. Os principais países de origem destes refugiados são: Síria, Angola, Colômbia e República Democrática do Congo.
Desde 2001, o Dia Mundial do Refugiado é celebrado no dia 20 de junho, de acordo com resolução aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Por isso, neste dia, o Portal EBC lista os principais campos de refugiados espalhados pelo mundo e os conflitos aos quais se relacionam. Confira!
Dadaab, Quênia
Considerado o maior campo de refugiados do mundo, Dadaab, no Quênia, encontra-se sob ameaça de fechamento. De acordo com as Nações Unidas, o governo do país justifica que a ação tem a ver com custos, segurança e fatores ambientais. Além disso, o Quênia alega presença de islamistas radiais do Al Shabab, filiado à Al-Qaeda, no local. A previsão é fechar o campo até novembro deste ano.
Para a agência da ONU, a medida poderia afetar até 600 mil pessoas em acampamentos de refugiados no norte do país, especialmente somalis e de sul-sudaneses.
Há mais de 25 anos, Dadaab acolhe pessoas que foram forçadas a fugir de perseguições e guerras na África. O complexo de Dadaab inclui cinco acampamentos que abrigam 350 mil pessoas. A Somália, de onde vem a maior parte dos refugiados neste campo, enfrenta um violento conflito desde a queda do ditador Siad Barre, em 1991. Além disso, secas comprometem a segurança alimentar do país. Como resultado disso, uma milícia radical islâmica conhecida como Al-Shabaab, filiada à Al-Qaeda, ganhou espaço no país.
Nakivale, Uganda
Mais de meio milhão de pessoas buscam abrigo nos campos de Nakivale, em Uganda, para fugir da violência e do abuso dos direitos humanos principalmente do Sudão do Sul, Burundi, Somália e República Democrática do Congo, segundo o Acnur. Além disso, o espaço acolhe refugiados de Ruanda desde a guerra civil e genocídio na década de 1990. Isso faz de Uganda o terceiro país no mundo que mais abriga refugiados.
Dollo Ado, Etiópia
O complexo de Dollo Aldo, localizado no sudeste da Etiópia, é composto por cinco campos e abriga somalianos que fugiram das condições precárias de seu país, especialmente motivados pela fome e seca. Além disso, parte dos refugiados são vítimas do grupo Al Shabab.
Com mais de 213 mil refugiados, o campo recebe desde 2011 famílias que lutam contra a desnutrição. Até maio deste ano, um dos campos do complexo, Hillaweyn, contabilizava 23% da má nutrição global. Organizações como Médicos Sem Fronteiras (MSF) e International Medical Corps (IMC) são responsáveis pelos centros nutricionais. De acordo com o MSF, ali são atendidas cerca de 200 crianças desnutridas.
Kakuma, Quênia
Assim como Dadaab, o Kakuma está ameaçado de fechamento. O campo, que existe desde 1991, abriga somalianos e sudaneses que fugiram das guerras e condições precárias em seus países de origem. Além de refugiados do Burundi, da Etiópia e República Democrática do Congo. Atualmente, o campo tem mais de 100 mil refugiados, sendo que 53,2% deles são homens.
Zaatari, na Jordânia
O campo de Zaatari é um assentamento temporário que foi estabelecido em julho de 2012, em meio ao grande fluxo de refugiados da Síria. Hoje, ele é o terceiro maior campo de refugiados do Oriente Médio, com mais de 80 mil residentes sírios. Mais de metade da população de Zaatari é formada por crianças, sendo que uma em cada três delas não frequenta a escola.
De acordo com o Acnur, existem também mais de 9 mil jovens no campo com idades entre 19 e 24 anos que precisam de treinamento profissional, além de oportunidades de emprego e geração de renda, demandas também da população adulta. Cerca de 5,2% destes jovens estavam na universidade na Síria, mas abandonaram os estudos devido ao conflito. Os que se graduaram são 1,6%.
Ain Al-Hilweh, no Líbano
O campo Ain Al-Hilweh, próximo da cidade costeira de Sidon no Líbano, foi fundado em 1948 após a derrota dos estados árabes na guerra árabe-israelense. Nos anos 1980, a maioria dos campos de refugiados no Líbano foram dominados por forças pró-sírias e membros do Fatah.
Isso mudou quando a Autoridade Nacional Palestina começou a financiar o campo. Além disso, o Fatah concordou com um cessar fogo, quando não conseguiu derrotar outros grupos fundamentalistas de Ain Al-Hiweh. Ainda hoje os refugiados do campo no Líbano enfrentam a violência, disputas entre facções tornam-se fatais com regularidade.
Sahrawi, Argélia
O campo Sahrawi, no sudoeste da Argélia, é formado por um complexo de cinco campos que abrigam africanos do oeste do deserto do Saara desde o conflito com forças marroquinas por questões territoriais na década de 1970. Nesse contexto, o governo da Argélia acolhe mais de 100 mil refugiados saharawis.
A República Sahrawi é parcialmente reconhecida e luta para se consolidar em uma área do Deserto do Saara que hoje é controlada pelo Marrocos. Segundo a ONU, os povos africanos alegam que os marroquinos agem como se fossem colonizadores.
O acampamento é cercado por um muro de 2, 5 mil quilômetros de extensão que separa a Argélia do Saara Ocidental. Existem cerca de três milhões de minas terrestres na área que circunda o muro, além de 150 mil soldados marroquinos e radares em toda a extensão.
Yida, Sudão do Sul
Com mais de 70 mil refugiados, Yida, no Sudão do Sul, não foi reconhecido oficialmente como um campo de refugiados. Os refugiados sudaneses começaram a atravessar a fronteira em direção ao Sudão do Sul em junho de 2011, quando eclodiu o conflito entre o governo de Cartum e os rebeldes do Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM), no estado de Kordofan do Sul.
Mbera, Mauritânia
O acampamento de Mbera, que fica na Mauritânia a três quilômetros da fronteira com o Mali, abriga mais de 40 mil pessoas que fogem dos conflitos iniciados em 2012 entre o exército malinês, o movimento rebelde tuaregue e outros grupos armados. Os refugiados são, em sua maioria, famílias de etnia tuaregue vindas da região de Timbuktu.
Lá o MSF presta assistência médica primária e materna aos refugiados e trata crianças desnutridas. De acordo com a organização, “os refugiados enfrentam um futuro de isolamento no deserto, totalmente dependentes de assistência externa e ajuda humanitária”. As temperaturas na região podem chegar a 45 graus Celsius durante o dia.
Nyarugusu, Tanzânia
Na Tanzânia, refugiados, principalmente de Burundi e da República Democrática do Congo, encontram acolhimento no campo de refugiados Nyarugusu. Criado em 1997 para dar refúgio a 50 mil congoleses que fugiram do seu país devido à guerra, o campo conta hoje com cerca de 160 mil pessoas.
De acordo com o MSF, os abrigos são feitos de troncos de árvores cobertos por lonas plásticas, cada um de 40 por 10 metros. Com a superlotação do campo, a organização internacional afirma que "os alimentos e a água tornaram-se um problema" e causa conflitos entre os residentes.
informações Agência Brasil
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