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Duas onças da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, receberam colares de GPS que vão indicar a movimentação delas pela floresta. Os animais foram incluídos no Projeto Iauaretê, do Instituto Mamirauá, que faz o monitoramento da espécie.

As onças foram encontradas durante trabalho de campo em janeiro e março e estavam em condições satisfatórias de saúde. Uma é preta e ganhou o nome de Django. A outra é pintada e está prenhe de dois filhotes. A gestação de Fofa, como o animal foi chamado, mostra que a região é favorável para a reprodução da espécie, considerada vulnerável no Brasil.

A descoberta vai permitir observar pela primeira vez na Amazônia o desenvolvimento dos filhotes e a movimentação da mãe nos períodos de pré e pós-parto.

Segundo a bióloga do grupo de conservação de felinos do Instituto Mamirauá, Wezddy Del Toro, o projeto começou em 2008 e desde então capturou 18 onças. Cinco delas receberam o colar com GPS.

“Uma vez que o animal é capturado, a gente faz um exame clínico, vê se tem alguma doença e pega algumas amostras para futuras análises. Durante a captura é colocado um colar com GPS que fica mandando as coordenadas de onde o bicho está se movimentando. A gente recebe essa informação via satélite por e-mail e, com isso, consegue observar a movimentação dos animais e as áreas de vida que eles estão utilizando”, disse a bióloga.

O trabalho de observação das onças já identificou um comportamento inusitado da espécie na região. Durante o período de cheia do Rio Solimões, toda a reserva fica alagada, mas os animais permanecem na área de várzea abrigados nas copas das árvores.

“Eles ficam na várzea, que são as florestas inundáveis, durante todo o tempo da inundação. Isso quer dizer que ficam morando nas copas das árvores entre três e cinco meses por ano, nadando de uma árvore para outra, procurando alimentos e abrigo. É um comportamento inusitado para felinos e é a primeira vez que isso é registrado”, contou Wezddy.

O Projeto Iauaretê também desenvolve uma atividade de turismo de observação de onça-pintada, com o envolvimento de comunidades ribeirinhas. Além de ajudar na geração de renda dos moradores, eles aprendem a importância de preservar a espécie.

“Aqui, antes, as pessoas viam a onça como inimigo. Agora, aprenderam a lidar com ela e a dar mais importância, principalmente preservando. É um bicho que está praticamente atrás das nossas casas, no nosso quintal. Antes, acontecia de matar alguma onça, mas agora ninguém fala mais nisso. Hoje, eles simplesmente observam quando encontram ela no mato. Sabem que a onça só está ali porque é o ambiente em que ela vive”, afirmou Ivanilson Cavalcanti, que tem 22 anos e participa da iniciativa na comunidade Boca do Mamirauá.

A reserva, de acordo com pesquisa do Instituto Mamirauá, tem cerca de dez onças a cada 100 quilômetros quadrados, umas das densidades mais altas do mundo, devido principalmente à abundância de alimentos na região. Elas se alimentam basicamente de bichos-preguiça, jacarés e macacos guariba.

Agência Brasil

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