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Bispo de Roraima comenta visão da Igreja sobre crise na Venezuela e acolhimento dos migrantes no país

A crise na Venezuela tomou uma proporção ainda maior nos últimos dias. Após declaração do presidente interino do país, Juan Guaidó, de que tinha o apoio das forças armadas, o povo foi às ruas, se manifestar pela queda do presidente Nicolás Maduro e por liberdade. Maduro, por sua vez, se manteve firme, e negou que os militares estivessem do lado de seu opositor.

Manifestações aconteceram em todo o país, com a população dividida, e teve duas mortes confirmadas até a manhã desta quinta-feira, 02, além de mais de cem feridos. Militares tentam conter a população, com bombas de gás lacrimogênio e tanques nas ruas.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, conclamou hoje as Forças Armadas do país a combaterem “qualquer golpista”, após a tentativa de levante militar liderada por Guaidó.

Venezuelanos no Brasil

O estado de Roraima, que têm acolhido venezuelanos desde o início da crise, recebeu, só na última terça-feira, 30, mais de oitocentos refugiados, através da Operação Acolhida. No total, mais de 150 mil venezuelanos entraram no Brasil pela fronteira desde 2016.

A Igreja em Roraima tem sido solidária aos tantos migrantes que chegam ao país pela fronteira, atendendo as necessidades de abrigo, comida e toda a assistência necessária. As ações acontecem em paróquias de Pacaraima e Boa Vista, por iniciativa do Centro de Migrações e Direitos Humanos da diocese.

O bispo de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva, comentou na manhã desta quinta-feira, 02, durante a Assembleia Geral, a realidade vivida pelo país vizinho nos últimos dias, e a forma como a Igreja vê a realidade:

“Nós sabemos pelas últimas notícias que a situação da Venezuela é dramática. O conflito causa tristeza, porque a gente está entendendo que esses conflitos não estão gerando possibilidades de diálogo e nem abrindo caminho para a justiça e para políticas públicas que contemplem as necessidades dos migrantes. Os conflitos geram mais drama, mais dor e sofrimento para a população. A Igreja vê isso como um cenário em transição, em transformação, em que gostaríamos que o diálogo, a paciência, a sensibilidade movesse o coração das pessoas, sobretudo dos governantes, do grupo de militares, que é enorme no país, para que geralmente façam o seu serviço em socorro da população. Enquanto não houver um diálogo humilde, sincero, honesto, um reconhecimento da crise humanitária, as soluções vão ficando distantes.”

Dom Mário comentou que nos últimos dois dias, mais de duas mil pessoas chegaram ao Brasil, apesar do fechamento da fronteira.

“As entradas são pelas trilhas e atalhos, o que gera mais sofrimento, sem contar com as cobranças interesseiras de pedágio, retirada de dinheiro, de comida, de roupa, além da dificuldade humana e psicológica das pessoas.”

O bispo explicou que o primeiro acolhimento é feito pelas forças armadas, nos postos de triagem, que providenciam toda a questão de documentação, vacinas, orientações, mas não tem possibilidade de acolhimento. Esta etapa é feita pela Igreja, juntamente com outras entidades de assistência:

“O desafio é acolher, é dar comida para todo mundo, porque chegam famintos, proporcionar aos que estão doentes o devido tratamento médico, e depois providenciar abrigo. Roraima tem uma população de 575 mil, então estima-se que 40 a 50 mil sejam de migrantes venezuelanos, mais da metade desses na capital, Boa Vista. O acolhimento tem sido o grande desafio. O governo federal consegue acolher 10% dessa população migrante, de 6 a 8 mil pessoas. Os demais estão em casas alugadas, em casas ocupadas, ou até mesmo ao relento, em praças, ruas, e coberturas.”

Apelo

Dom Mário apela para que os brasileiros de forma geral acolham aos migrantes, pois após a entrada dos venezuelanos por Roraima, o ideal seria que fossem encaminhados para as outras regiões do país:

“Continuamos trabalhando com esperança, esperando também que o Brasil abra o coração e os braços para acolher os migrantes em suas localidades. O grande sufoco é que nem todos tem condições de ficar lá em Roraima. Então o que é 100 mil pessoas para o Brasil? É 1% da população, mas para Roraima é mais de 10%. A dificuldade de acolher, o medo de acolher é porque não tem trabalho, até tem possibilidade de acolher por 3, 6 meses com alimentação e abrigo, mas a preocupação é depois com saúde, escola e trabalho.”

As dioceses que quiserem acolher migrantes, podem se cadastrar pelo site www.caminhosdesolidariedade.org.br. Após o cadastro, haverá uma triagem e o encaminhamento dos venezuelanos para os novos estados brasileiros.

(Canção Nova)

#JornalUnião

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