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O deputado eleito democraticamente chega à capital do país para mais uma semana de trabalho árduo. Desembarca na estação ferroviária central de Brasília, pega um carrinho de bagagem, acessa o transporte público que vai conduzi-lo a kitnet funcional de 7 metros quadrados. Vai a uma lanchonete, pois ninguém é de ferro, e paga a conta com o dinheiro que ganha de salário. Até sonha em ter uma verba para bancar uma tevê por assinatura, ou jornais e revistas. Ou talvez um auxílio paletó. Nada disso é possível. Pior é que em uma cidade de clima tão seco sua saúde precisa de cuidados especiais, mas médicos e hospitais também são bancados com o seu salário. Nem pensar em um hospital de primeira linha de São Paulo pago pelo contribuinte. Procura a rede pública e fica na fila como qualquer outro cidadão. Nem um assessor para guardar o lugar para ele.

Como seria bom ter pelo menos uma secretária para organizar sua pauta de trabalho. É uma reivindicação ainda não atendida. Pelo menos o parlamento poderia bancar as despesas que teve na mudança desde sua cidade eleitoral até Brasília, ou pelo menos implantar o auxílio hotel, com roupa lavada e café da manhã. Não é fácil se virar sozinho e ainda pensar nas contas que tem a pagar. Um auxílio creche para o seu filho de até 6 anos de idade cairia bem no seu escasso orçamento doméstico. Mas é a vida. É o preço que paga para representar o povo de sua região no poder legislativo. Sabe que em outras democracias do mundo há outras verbas generosas para deputados, mas no Brasil isso está muito longe de acontecer.

Somos cidadãos comuns, diz um deputado. Imunidade parlamentar é um conceito que não existe no Brasil. Não há sentido em usufruir de privilégios, diz um deputado à BBC. Estar aqui e influenciar os rumos do país já é um grande privilégio. Pelo menos há um cartão de transporte público pago pelo contribuinte, já que os 3 carros oficiais servem apenas ao presidente e seus vices. Em cerimônias oficiais, é claro. Acima de tudo o que enche as excelências de orgulho é que o seu salário é de R$27.000,00 e é apenas o dobro do que ganha um professor. Porém o que mais tem a admiração do povo é que eles não podem aumentar o próprio salário e discussões sobre teto salarial, foro privilegiado, prisão em segunda instância nem passam pelo plenário. São coisas daquelas republiquetas de bananas na América Latina.

EM TEMPO – o corretor de texto me informa que trocou os países do artigo anterior, Brasil, pela Suécia. Ele vai ser processado por injúria, calúnia, difamação e fake news.

Heródoto Barbeiro – Professor e Jornalista - Palestras e Midia Training - www.herodoto.com.br

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