Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Autoritário e centralizador. Estes são as duas principais características do presidente da república. Sua origem militar reforça a ideia que a qualquer momento pode instalar uma ditadura no Brasil. O ministério que governa o país tem opositores de todos os lados. Os jornalistas não arredam pé dos becos do palácio do governo e divulgam notícias com ou sem confirmação. Ajudam a ferver o caldeirão da crise política que se abate sobre o governo e espreitam todos os que entram e saem do prédio para que passem, em off, informações sobre os rumos que o país vai tomar. Há em andamento, paralelamente, uma crise econômica e financeira. As fábricas fecham, investidores perdem seu capital, e os tais empregos prometidos não aparecem. Os críticos põem na conta do presidente toda a pandemia que assola o Brasil e não abre perspectiva para o crescimento econômico ou mesmo distribuição de renda e inclusão da população marginal formada no século anterior. Os debates políticos são cada vez mais acirrados no Congresso Nacional e nas ruas.

O presidente não tem tato político, acusa a oposição nos jornais que circulam na capital da república. Ele quer governar de forma centralista e é refratário às indicações das facções políticas. Há os que insistem em dizer que ele faz no governo o mesmo que sempre fez em sua carreira militar. Não ouve ninguém, diz a oposição. Não está preparado para o cargo, não tem experiência administrativa, nem diálogo  com o Congresso Nacional, atacam outros. Desconfia-se que seja partidário de um governo forte, inspirado nos ideais que contaminaram a jovem oficialidade do exército brasileiro e são repetidos pelos seus apoiadores. Os militares divulgam manifestos a favor de um governo nacionalista, centralizador e que possa levar o Brasil a um desenvolvimento econômico e político que não tivera em um século. O presidente é legalmente eleito, tem um mandato de 4 anos e nada pode impedir que continue governando ao menos que sofra um processo de impeachment no Congresso Nacional. Para isso é necessário o povo na rua e pressão em cima dos deputados e senadores. Ninguém acredita que isso possa acontecer.

Os ministros que compõem o governo não se entendem. Há discussões e divergências que beiram um conflito físico entre eles. A ala militar se fortalece com o apoio presidente que quer impor sua vontade em até pequenos atos como a construção de um porto no Rio Grande do Sul. A ala civil em conexão com os  partidos no Congresso Nacional votam um projeto  que limita os poderes do presidente da república e define o que é um crime de responsabilidade. Daí para um processo de impeachment é apenas um passo. A reação do presidente é imediata. Veta o projeto mas o senado derruba o veto presidencial. O marechal Deodoro da Fonseca decreta o fechamento do Congresso Nacional e passa a governar como um verdadeiro ditador. É a realização dos anseios de parte da oficialidade militar influenciada pelas teorias políticas europeias no final do século 19. O golpe não se sustenta. A marinha se revolta e um tiro de canhão é disparado contra a casa do presidente da república, sem sucesso. O exército não está coeso ao seu lado. Depois de nove meses do primeiro governo da República dos Estados Unidos do Brasil, Deodoro renuncia à presidência da república. Assume o vice, também um militar, Floriano Peixoto, cognominado o Marechal de Ferro.

Heródoto Barbeiro é editor chefe e âncora do Jornal da Record News em multiplataforma - www.herodoto.com.br

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.