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Nos últimos anos, com o desemprego e o processo de empobrecimento da população no país, o superendividamento dos idosos tem preocupado o poder público e entidades ligadas a essa população. O tema foi tratado ontem (1º) pela Câmara Municipal de Londrina, em reunião pública coordenada pela Comissão dos Direitos e Bem-Estar da Pessoa Idosa. Segundo a vereadora Lu Oliveira (PL), que preside a comissão, debater o assunto foi importante para embasar futuras políticas públicas de proteção social aos idosos. "Há aposentados que têm uma renda que está, quase em sua totalidade, comprometida com financiamentos que muitas vezes não são nem para o idoso. […] Se nosso país está ficando mais velho, isso se reflete na saúde e também na economia", afirmou Oliveira, que atua na comissão ao lado das vereadoras Profª Sonia Gimenez (PSB) e Daniele Ziober (PP).

Diretora da Secretaria Municipal do Idoso de Londrina, Ana Karina Anduchuka Barbosa disse que a população de idosos em Londrina segue crescendo, e o risco de eles se tornarem inadimplentes também. Segundo ela, embora o último Censo Demográfico do IBGE, de 2010, aponte a existência de cerca de 62 mil idosos na cidade, foram vacinadas contra a covid-19 no município aproximadamente 90 mil pessoas com mais de 60 anos. Ainda segundo ela, com a crise econômica, muitos idosos se tornaram os únicos provedores financeiros da família e acabam tomando empréstimos a pedido de familiares. "Nos últimos dois anos a gente vive um processo de empobrecimento da população. E, para nós que atendemos na ponta, é nítido o quanto a população idosa empobreceu. Isso nos preocupa muito. Um salário-mínimo não dá condições para a pessoa alugar uma casa, comer, pagar a conta de luz e tomar os seus remédios. Teremos de discutir esse novo Brasil que está posto. Quanto mais o idoso precisar de dinheiro, mais ele vai se endividar", disse.

Assistente social da Caixa de Assistência, Aposentadoria e Pensões dos Servidores Municipais de Londrina (Caapsml), Neusa Tiba afirmou que Londrina tem 3.321 aposentados e 628 pensionistas pela Caapsml. Desse total, 1.784 apresentam  financiamentos consignados, modalidade em que o valor das parcelas é descontado diretamente do benefício. "Estamos fazendo um levantamento para saber a faixa salarial dessas pessoas com crédito consignado. Em algumas situações, isso está se tornando uma bola de neve. Às vezes a pessoa ainda não pagou o primeiro empréstimo e empresta mais", disse. Diretor-executivo do Núcleo Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor de Londrina (Procon-LD), Thiago Mota afirmou que há casos de correspondentes bancários que exploram a vulnerabilidade dos idosos para fraudar empréstimos. Em um dos casos, o Procon-LD apura a existência de 160 contratos feitos por uma instituição sem a anuência dos consumidores.

Correspondente bancária há vários anos em Londrina, Naualy Aiub reconheceu a existência de profissionais que agem de má-fé, mas ressaltou a atuação de instituições sérias e disse que muitos aposentados procuram o empréstimo consignado para pagar outras dívidas. "O crédito consignado foi liberado em 2003 para o INSS. Hoje 70% desse crédito consignado que a gente faz é usado para pagar cartão de crédito. Já nos procuraram para pagar agiota", afirmou ela, que defendeu a oferta de programas de educação financeira para a população idosa. Já a diretora de Ação Social do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Londrina (Sidserv), Giovana Neila Carvalho Crosxiati, chamou a atenção para a importância também de programas de assessoria jurídica direcionados a aposentados endividados.

Sobre esse assunto, a vereadora Lu Oliveira afirmou que a Secretaria Municipal do Idoso, em conjunto com a Câmara Municipal, já estudam a possibilidade de criação em Londrina de uma Central Judicial do Idoso, nos mesmos moldes da existente em Brasília. Na capital federal, o serviço surgiu em 2007, por meio de um convênio firmado entre o Tribunal de Justiça e o Ministério Público do Distrito Federal, e de Termos de Cooperação Técnica com a Defensoria Pública do Distrito Federal, Defensoria Pública da União e Polícia Cívil do Distrito Federal.

Marcela Campos/Asimp/CML

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