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Tema foi abordado na sessão da quinta (1º) da Câmara de Londrina, em cerimônia para marcar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Uma a cada 54 crianças que nascem no mundo vai receber o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mesmo assim, falta conhecimento e a sociedade está despreparada para lidar com as particularidades das pessoas com essa condição. Com o objetivo de chamar atenção para o tema e trazer informações confiáveis, a Câmara Municipal de Londrina (CML) realizou na sessão de quinta (1º) cerimônia alusiva ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril. A data foi incluída no calendário de comemorações oficiais do município pela lei 12.065/2014.

"O Centro de Controle e Prevenção de Doenças, que é uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, conduz pesquisas que fornecem informações de saúde em diversas áreas. Em 2004, o centro apontava que 1 a cada 166 pessoas nascidas tinha autismo. Em 2012, o número estava em 1 nascido a cada 88. Em 2018, 1 a cada 59. E na publicação de 2020, 1 a cada 54. O próprio estudo mostra que, quanto mais cedo o diagnóstico é feito, mais cedo é possível começar o tratamento. O tratamento precoce aumenta em muito a possibilidade de a pessoa ser independente no futuro", pontuou o vereador Jairo Tamura (PL), presidente da CML e autor de quatro leis direcionadas à população com TEA.

Convidada a participar da cerimônia, a neurologista infantil Daniela Godoy explicou que o autismo não é uma doença, mas uma condição de saúde, caracterizada por dificuldades na comunicação verbal e não verbal e de comportamento social. "O diagnóstico tem ficado cada vez mais certeiro. Tanto neurologistas infantis quanto psiquiatras estão habilitados a fazer esse diagnóstico. […] Mas receber o diagnóstico é só o primeiro passo. Depois a criança vai precisar de terapias com psicólogo, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, equoterapia, musicoterapia. E é muito difícil o acesso a essas terapias pelo Sistema Único de Saúde. Mesmo nas operadoras de planos de saúde temos dificuldades", disse.

Diretora-geral da Associação Flávia Cristina, que atende crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais, Cibele Hencklain Blaauw ressaltou que o autismo se manifesta de formas diferentes e cada pessoa precisa de intervenções específicas. Thaís Honda é mãe de uma criança de 10 anos com autismo severo. Ela contou que o desconhecimento e a falta de auxílio já fizeram com que passasse por situações constrangedoras. "Minha filha não fala, compreende muito pouco. Eu não conseguia ir ao supermercado com minha filha, porque ela gritava, se jogava no chão, tomava as coisas das pessoas, entrava em crise", lembra. Segundo ela, políticas públicas recentes, como a lei que dá preferência nas filas dos estabelecimentos comerciais, facilitaram o dia a dia da família. "Hoje Londrina também tem carrinhos adaptados nos supermercados. Vocês não sabem o que é ter uma filha em casa e não conseguir ir ao supermercado porque você simplesmente não consegue conter a criança", afirmou.

Também convidado para a cerimônia, o funcionário público Vilmar Francisco de Oliveira contou que foi diagnosticado com autismo apenas aos 40 anos de idade. Ele apresenta Síndrome de Asperger, um estado menos grave do TEA. Formado em Ciências Sociais, Oliveira conta que a descoberta foi um alívio. "Para as pessoas adultas com autismo, o desafio é muito grande, porque muitos acreditam que o autismo só é atribuído a crianças. Eu gostava muito do isolamento e, quando tinha de interagir, isso me deixava exausto. Quando descobri meu diagnóstico, foi libertador, porque as pessoas falavam que eu era fraco, que não tinha força para mudar. Eu tentava muito mudar e não conseguia. Achando que era um tímido, tentava superar essa timidez com caminhos que não iria vencer", afirmou.

Tecnologia com impacto social

Professor associado do Departamento de Ciência da Computação da Aston University (Inglaterra), Diego Resende Faria apresentou projetos, dos quais faz parte, que empregam inteligência artificial para auxiliar crianças autistas. Um deles utiliza um robô que interage com a criança e a estimula a fazer atividades e exercícios físicos. Segundo Faria, a proposta poderia ser explorada em sessões clínicas com crianças autistas. Ele também apresentou um projeto de jogos eletrônicos inteligentes desenvolvido em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL). "Conseguimos mapear os níveis de concentração da criança em diferentes contextos. O jogo faz o reconhecimento das emoções da criança e, com um leitor de ondas cerebrais, identifica quando o nível de atenção cai. O jogo, então, se personaliza para manter a atenção da criança naquele contexto", explicou.

Marcela Campos/Ascom/CML

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