Se na outra matéria que fizemos, era de se impressionar a quantidade de lixo, desta vez então é de “cair para trás”. É quase um quilômetro de lixo espalhado por uma estrada de terra que liga o final da rua São Benedito, até os fundos da transportadora Seara, no jardim Santo André, zona oeste de Londrina. Em quase três meses desde a última visita ao local, a situação só piorou, onde ainda não tinha lixo, passou a ter.
Água parada, queima de lixo que produz fumaça tóxica, materiais nocivos à saúde e ao meio ambiente. O problema não é apenas ambiental, não se trata mais de lixo descartado irregularmente na natureza, trata-se de saúde pública. Os moradores não aguentam mais tanto descaso, tanto dos cidadãos irresponsáveis que jogam seu lixo ali, como dos órgãos públicos que deveriam solucionar o caso.
"A situação é terrível, eu tenho um terreno aqui do lado do lixão, e praticamente não tem como nós controlarmos o descarte, pessoas chegam a vir de caminhão para jogar restos de construção, podas de árvores e tudo que você imaginar. Até resto de carro tem aqui. É uma falta de respeito de quem joga, e muito mais dos órgãos públicos que não fiscalizam, que trata tudo isso com descaso. Pagamos tanto impostos para vivermos como animais aqui?" - Reginaldo Coelho morador do bairro Santo André
Os moradores já não sabem mais o que fazer para chamar à atenção do poder público. Várias notificações já foram entregues aos órgãos responsáveis, entre eles a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Companhia Municipal de trânsito e urbanização (CMTU).
Fala Direitos Humanos
O coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos – Paraná, Carlos Henrique Santana, esteve no local e acompanha o caso de perto.
"Já faz algum tempo em que estamos acompanhando este caso aqui na zona oeste. Já denunciamos ao IAP (Instituto Ambiental do Paraná), SEMA, CMTU e ao Ministério Público, até tivemos respostas, mas completamente vazias, que não irão resolver o problema. Acionamos o IAP, para uma possível notificação à SEMA, porém até agora nada".
Fala Ministério Público
A última providencia adotada foi a expedição do ofício nº 1076/2017, de 05.05.2017, encaminhado à SEMA, por meio do qual solicitou-se a adoção das providências cabíveis a fim de garantir a realização de ações de fiscalização nas localidades do Jardim Ana Terra, bem como o envio das demais informações que o caso requer. O MP está aguardando a resposta da SEMA.
Fala CMTU
Após diligências do Ministério Público, a CMTU se pronunciou:
"A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) está desde o início do ano, realizando reuniões com órgãos da Prefeitura, entre eles a Secretaria do Meio Ambiente; com a Promotoria do Meio Ambiente e com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), no sentido de encontrar solução para limpeza e destinação correta do lixo descartado irregularmente pela cidade. Além da limpeza, a companhia está focada no sentido de aumentar a fiscalização na cidade e punir os responsáveis por estes crimes ambientais".
Fala vereador
Presente mais uma vez no lixão, o vereador Vilson Bitencourt acompanhou de perto o drama dos moradores.
"Novamente estamos fazendo contato com a CMTU para saber qual encaminhamento eles vão nos dar. Da última vez foi nos informado que havia dificuldades financeiras, mas essa informação já tem alguns dias, e nós queremos saber qual o posicionamento para esta situação atualmente. Aqui está praticamente intransitável e precisamos com urgência de uma solução".
Crime Ambiental no PATEÓ 2
Outro problema que gera bastante preocupação é o perigo de contaminação da nascente do córrego do Pateó 2, que desagua no ribeirão Lindóia, rio que forma o Lago Norte. O lixo tem avançado bastante e com as chuvas pode chegar a prejudicar a nascente.
O Gestor ambiental e técnico da segurança no trabalho, Raimundo Maia, analisa um outro problema. Na nascente existe uma tubulação que serve para lançar água da chuva no córrego, porém não é o que acontece. Mesmo com o tempo seco, a água está sendo lançada, isso quer dizer que as galerias pluviais estão sendo usada de forma clandestina por empresas. No local, além de conter espumas características de produtos químicos, o mau cheiro é predominante, sinais visíveis de contaminação.
"As principais fontes de contaminação dos nossos rios, são esses descartes irregulares. Neste caso, não era pra estar passando água por aqui, pois não está chovendo, o tempo está seco. A Sanepar precisa autorizar o lançamento de água na rede de esgoto. O que acontece é que, simplesmente, águas não tratadas são ligadas as galerias pluviais que vão desaguar em nossos rios".
Manifestação
A comunidade está esperando do poder público ações que resolvam o problema, porém se nada for feito e não obtiverem uma resposta satisfatória, os moradores planejam fazer protestos para chamara à atenção das autoridades.
"Vamos dar um prazo de sessenta dias, caso sejamos ignorados nós vamos fazer um manifesto. Vamos nos organizar com toda a população de moradores. Não estamos pedindo nada demais, estamos reivindicando um direito nosso, que é ter pelo menos uma vida mais digna sem ter todo esse lixo na porta de nossas casas" - José Santana Pr. Assoc. de Mor. Santa Rita V
* Em contato com IAP em Curitiba, a Assessoria de imprensa comunicou ao jornal União que, a solução do problema cabe unicamente ao poder municipal, a SEMA e CMTU.
Repórter Jordino Neto/JU
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