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Problema foi debatido na quarta (24), em reunião pública coordenada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara de Londrina

Desde que o primeiro caso de covid-19 foi confirmado no Brasil, em 26 de fevereiro de 2020, a crise provocada pelo coronavírus evidenciou e aumentou a desigualdade entre homens e mulheres no país. Com as escolas fechadas e divisões desiguais das tarefas em casa, mães perderam trabalho e autonomia. As mulheres também foram as mais afetadas pela doença entre os profissionais de saúde e sofreram com o aumento da violência doméstica. Esses e outros problemas que mostram como a pandemia afetou particularmente a população feminina foram debatidos quarta-feira (24), em reunião pública coordenada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Londrina (CML).

A vereadora Mara Boca Aberta (Pros) explicou que o tema da reunião ("Mulheres na liderança: alcançando um futuro igual em um mundo de covid-19") é o mesmo escolhido pela ONU Mulheres para ser debatido mundialmente em 2021. "O que me preocupa bastante é esse retrocesso do que já conquistamos até agora. As mulheres foram as primeiras a perder os seus empregos, mesmo ganhando menos do que os homens. O maior índice de desemprego está entre as mulheres. E como elas vão retornar ao mercado de trabalho?", questionou a parlamentar, que preside a comissão ao lado das vereadoras Profª Flávia Cabral (PTB) e Lenir de Assis (PT).

Convidada a participar do encontro, a secretária da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Eunice Tieko Miyamoto, ressaltou que as mulheres foram as mais afetadas com perda de postos de trabalho e renda na pandemia. "Mesmo sendo um problema histórico, a situação das mulheres no mercado de trabalho piorou consideravelmente ao longo de 2020. Além de serem mais afetadas com a perda de postos de trabalho, elas ganham em média 20% menos do que os homens. A taxa de desocupação feminina foi de 16,8% no terceiro trimestre de 2020, contra 13,9% no mesmo período de 2019. Havia 41,2 milhões de mulheres ocupadas no país em 2019. Em 2020, o número caiu para 35,5 milhões", pontuou. "Entre as trabalhadoras informais, sem carteira assinada, o número caiu de 13,5 milhões para 10,5 milhões. E nesse contingente não estão incluídas as trabalhadoras domésticas", complementou.

Integrante do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres e professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Marselle Nobre de Carvalho chamou a atenção para a saúde das profissionais que atuam na linha de frente da covid-19. "Um grupo muito atingido pela doença é o dos trabalhadores da saúde. E este é um grupo hegemonicamente composto por mulheres", disse. Segundo ela, as mulheres representam 61% dos óbitos de profissionais de saúde pela covid-19 no Brasil. O dado está no Boletim nº 5/2021 do Projeto Safety, projeto criado pela UEL para reunir informações atualizadas sobre o novo coronavírus.

A saúde das mulheres na pandemia também foi o foco da fala da convidada Marian Trigueiros, coordenadora do Grupo Endomulheres Londrina. O coletivo foi criado em 2017 para reunir e apoiar mulheres com endometriose. Segundo Trigueiros, embora a endometriose afete cerca de 1 a cada 10 mulheres, ela ainda é negligenciada, por envolver preconceitos relacionados à população feminina. "A endometriose é uma doença crônica, inflamatória, que pode se tornar incapacidade. [..] Apesar de todos os sintomas, passamos boa parte da vida ouvindo que tudo isso é normal, frescura, inclusive de médicos. A doença é subestimada porque culturalmente a cólica e a dor pélvica são vistas como algo normal na vida da mulher. Não é normal sentir cólica, ter sangramento excessivo, sentir dor para evacuar, ter dor nas relações sexuais, ter dificuldade para engravidar, ter que ir todo mês ao hospital com dor na região pélvica", afirmou ela, ressaltando que as dificuldades de atendimento só pioraram com a pandemia.

Também convidada a participar da reunião, a jornalista Fiama Heloisa Silva dos Santos apresentou um recorte racial da situação das mulheres na pandemia. "No Rio de Janeiro, a primeira vítima fatal da covid foi uma mulher negra, empregada doméstica, que se contaminou pelos patrões após voltarem de uma viagem ao exterior. São retratos de uma realidade vivida por nós", disse ela, que é presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, Rosalina Batista pediu auxílio das vereadoras durante a tramitação na Câmara dos projetos orçamentários municipais, para que sejam destinados recursos ao financiamento de políticas públicas para as mulheres.

Mês das mulheres

A reunião pode ser vista nos canais da Câmara no Facebook e Youtube, e foi realizada como parte das atividades do Legislativo relacionadas ao mês das mulheres. A programação, que prossegue até o fim de março, inclui ainda a participação de  convidadas de diferentes segmentos durante as sessões ordinárias. Além disso, todas as sessões estão sendo conduzidas por vereadoras.

Marcela Campos/Asimp/CML

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