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As opiniões se dividem quanto ao homem ser o responsável pela ocorrência maior de extremos climáticos; Paulo César Sentelhas, autoridade no assunto, faz palestra sobre o tema, destacando os impactos na agricultura  

As evidências de que os extremos climáticos têm a digital humana causam polêmicas entre cientistas. Porém, a preocupação com as mudanças nas condições médias históricas do clima é um fato que não se pode negar. O que fazer para minimizar  os impactos no meio ambiente e na economia, em especial no agronegócio, está na agenda mundial e será tema da palestra do pesquisador Paulo César Sentelhas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), no 2º Conexão Agro – CLIMA - “Impactos das mudanças climáticas na agricultura: manejo e produtividade”. O evento acontece nesta sexta-feira (12), às 8h30, no Pavilhão Smart Agro, no Parque de Exposições Governador Ney Braga, na programação técnica da ExpoLondrina 2019.  

Os pesquisadores Heverly Morais, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e Sérgio Gonçalves, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-Soja) também vão traçar um panorama sobre as mudanças climáticas, na região. Os três pesquisadores debaterão os impactos na agricultura.   

Nos últimos anos, o volume de informações produzido pela ciência, possibilita análises climáticas mais complexas, que associadas às técnicas de manejo podem minimizar os efeitos do clima na agricultura.  

“Na palestra, a minha abordagem não é dizer se a mudança climática ocorreu ou não e se os impactos foram ou não provocados pelo homem, mas sim colocar o pé no chão e refletir sobre o tema no sentido de que, as alterações já ocorreram. Existe a possibilidade de novas mudanças acontecerem. Em função disso, o que nós engenheiros agrônomos e produtores rurais podemos fazer para minimizarmos os impactos da emissão de gases do efeito estufa nesse processo, e por outro lado, tendo em mente que, essas alterações ocorrendo, o que é possível fazer em termos de manejo das culturas para aumentar a produtividade ou pelo menos manter os padrões que temos para conseguirmos atender a demanda de alimentos nas próximas décadas”, destaca Sentelhas.  

Recentemente, o Paraná registrou o chamado veranico com ventos extremos, assim como São Paulo, Mato Grosso do Sul, atingindo ainda parte do Triângulo Mineiro e Mato Grosso. Sentelhas diz que esse fenômeno não é culpa das mudanças do clima, como muitos acreditam, mas tem relação com variações climáticas.    

“Não tem conexão direta com as mudanças climáticas, que é um padrão da média histórica, mas com variabilidade climática. Para evitar prejuízos é possível adotar ações de manejo no início da safra, principalmente no caso da soja. Os impactos vão ocorrer, no caso de um veranico tão severo, como o que aconteceu este ano. Não tem como evitar porque é um fenômeno de larga escala. É importante ter noção de que o manejo pode ajudar a minimizar esses efeitos”, orienta o pesquisador.  

Sentelhas acrescenta que isso significa tornar as culturas mais resilientes, através de um aprofundamento de perfil de solo, usando estratégias de melhoramento de plantas e escolhendo cultivares mais adaptadas a uma determinada região.   

“Desta forma podemos conseguir que uma perda na produção que seria de até 70% caia para 20% ou 30%. O produtor precisa contar com planejamento, conhecimento e assistência técnica, mas, muitas vezes, ele está tão preocupado com outras coisas, como os custos de produção e, obviamente, vai deixar de lado essas questões mais estratégicas. Por isso, é tão importante o papel do engenheiro agrônomo neste contexto”, destaca.  

É difícil cravar prognósticos climáticos de longo prazo. De acordo com Sentelhas, o que se tem sobre aquecimento global são uma série de situações.   

“Para cenários de diferentes mudanças do clima - em função da emissão de gases do efeito estufa - existe um patamar de aumento de temperatura nos próximos 20 a 30 anos de 1º grau a 4º e 5º graus. Ao longo da palestra abordarei esses aspectos também no sentido de que, se a gente for enfrentar uma situação como essa, o que teremos que fazer para conseguirmos adaptar a agricultura para essas condições”, ressalta Sentelhas.   

Ele ilustra essa questão ao dizer que o Rio Grande do Sul e Maranhão têm diferenças de clima, mas os dois estados produzem soja.  

“A agricultura tem uma plasticidade, uma capacidade de adaptação muito grande. O melhoramento genético é um dos pontos chaves para isso. Em termos de cenários, a gente tem algumas projeções que dizem que, dependendo do comportamento dos seres humanos, e a quantidade de gases do efeito estufa que vão emitir, podemos ter uma situação mais otimista e outra muito pessimista. Além disso, tem um outro fator, que é muito importante, e que não temos absolutamente nenhuma influência, que é a atividade solar. Se o sol emitir mais energia, a Terra irá aquecer, mas se a emissão for menor, o planeta esfriará. Isso pode acontecer também no futuro. Existe um grau de incerteza grande, mas, se formos produzir alimentos nesses cenários, precisamos saber quais as adaptações que teremos que adotar e se elas serão suficientes para manter os níveis de produtividade mais elevados”, conclui Sentelhas. 

O evento tem patrocínio da Cresol, GDM Seeds, Adama, Calpar e Sistema FAEP/Senar; apoio do Sindicato Rural Patronal de Londrina (SRPL), Sociedade Rural do Paraná (SRP), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja) e Vertigo Filmes. A realização é do Portal Conexão Agro.

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