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Desde o início da parceria entre a Prefeitura de Londrina e a Cáritas, 13 imigrantes foram encaminhados ao projeto e um novo empreendimento com três venezuelanos se formou

Buscando a implementação das políticas públicas, o Projeto de Educação Socioprofissional e Promoção da Inclusão Produtiva, da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), em parceria com a Cáritas Arquidiocesana de Londrina, está atendendo 127 pessoas de 42 empreendimentos diferentes, o que representa um aumento de 12 grupos. Entre os empreendedores, sete grupos encontram-se em formação, ou seja, estão em processo de organização para o desenvolvimento do trabalho.

Os empreendimentos são formados por brasileiros e atendem também públicos prioritários como os migrantes, refugiados, apátridas, entre outros, que passam por situação de vulnerabilidade social e econômica, inclusive podendo incluir as pessoas que vivem em situação de rua. Isso porque, a Secretaria Municipal de Assistência Social reformulou todo o edital, antes de lançá-lo, para atender as demandas dos usuários e buscar alternativas para enfrentá-las também no pós-pandemia.

Assim, os empreendimentos são pautados em princípios de autogestão, cooperação e solidariedade e buscam promover o desenvolvimento da autonomia, de forma a apoiar a luta diária pela sobrevivência. “Um dos destaques da reformulação do edital vem a ser as possibilidades de grupos de moradores em situação de rua participarem dos empreendimentos, que podem ser um meio para que eles tenham ganhos e consigam atingir uma vida independente. Hoje, inclusive, o coordenador nacional do movimento em situação de rua esteve em visita ao Centro Público de Economia Solidária, para discutir as perspectivas para esse público”, contou a secretária municipal de Assistência Social, Jacqueline Marçal Micali.

Com a parceria, durante 12 meses, a Prefeitura de Londrina repassará o valor integral de R$ 500 mil para a Cáritas Arquidiocesana executar as atividades dos projetos de inclusão produtiva. Entre os 42 empreendimentos, há grupos voltados a diversos segmentos, como artesanato, costura, alimentação e  prestação de serviço. Os consumidores encontram artefatos para enfeite e decoração, assim como hortaliças e plantas orgânicas, serviços de estética e beleza, como manicures e cabeleireiros, entre outros.

Desde quando a parceria foi firmada, 13 imigrantes já foram encaminhados para a sensibilização, que são momentos formativos que explicam o que é a economia solidária e os convidam a participar do projeto.

Conforme explicou a coordenadora da Cáritas arquidiocesana de Londrina, Soraya de Paula Garcia de Campos, as participações nas palestras e oficinas geram frutos, visto que três migrantes refugiados iniciaram suas atividades no projeto logo após participarem da palestra. “São venezuelanos que trabalham com o empreendimento na área da alimentação. Eles fazem pães, bolos e bolachas que são vendidos na Casa Café e Arte, que fica no centro de Londrina e tem algumas coisas comercializadas também no Centro de Economia Solidária”, lembrou a coordenadora.

Muitos estrangeiros vêm de países como a Venezuela, Haiti, Peru, Paraguai e Argentina fugindo de situações de fome, perseguições políticas, religiosas, de raça, de conflitos armados e da violação dos direitos humanos fundamentais, ou seja, esperam encontrar no Brasil melhores oportunidades de vida e um local seguro para viver. “Tendo em vista a vida dos venezuelanos em seu país de origem, a maioria dos migrantes refugiados vem de lá. Eles buscam melhores condições e vêm com muitas demandas, a começar pela alimentação, habitação e legalização dos documentos, mas aos poucos eles conseguem avançar e nós ajudamos executando as políticas públicas”, lembrou Campos.

Para o venezuelano Juan Carlos Aranguren Muñoz, a vinda para o Brasil, em 2017, foi motivada pelas condições de vida precária que seu país de origem oferecia.

Segundo ele, o salário recebido pela população venezuelana não era o suficiente para comprar alimentos e manter uma vida digna, visto a inflação alta que o país ostenta. Naquele país, a família sobrevivia com a renda obtida pelo pai, que era comerciante de pães para mercados e outras mercearias. Com a mudança para o Brasil, hoje a mãe trabalha como costureira, a irmã como atendente de telemarketing, o pai como autônomo e Juan está tentando empreender com a ajuda do Economia Solidária.

 “As condições de vida no meu país não estão boas. Eu e minha família viemos para o Brasil e hoje temos mais conhecidos aqui. Não temos planos de voltar para a Venezuela e os mais novos já pensam em formar a família aqui no Brasil. Lá eu cursava Direito e quando vim ao Brasil minha vida mudou completamente. Como estou desempregado, minha amiga me convidou para me unir ao grupo dela, no Economia Solidária, e hoje foi o primeiro dia em que nos reunimos. Estamos fazendo comida vegana, vegetariana e alguns cookies para vendermos, com as expectativas positivas”, disse Muñoz.

O empreendimento chamado Moinho Girassol ainda está em fase inicial, onde o grupo trabalha na confecção de uma identidade visual para divulgar no Instagram e Facebook. As duas brasileiras e o venezuelano esperam conseguir comercializar as marmitas e as bolachas com a ajuda do Centro Público de Economia Solidária. Além dessa iniciativa, Muñoz está recebendo apoio da igreja católica, onde há orientação profissional e social e cursos preparatórios e de integração com o mundo do trabalho.

Para o gerente de Inclusão Produtiva da Secretaria de Assistência Social, Marcílio Ronaldo Garcia, o fortalecimento de iniciativas coletivas de geração de trabalho e renda como essas fazem toda a diferença, na medida em que buscam apoiar e assessorar os empreendimentos econômicos solidários.

“Buscamos assessorar os grupos formados e geridos por trabalhadores, que querem valorizar o próprio trabalho independente de sua atividade. Por isso, o projeto se constitui como uma ação complementar aos serviços já prestados pela Secretaria de Assistência Social e busca promover a integração com o mundo do trabalho e o fortalecimento das iniciativas de geração de renda”, elucidou o gerente.

Para efetivar seus objetivos, o programa tem realizado várias ações formativas, como oficinas e palestras. Elas têm como objetivo a sensibilização e a formação de novas iniciativas de trabalho, assim como o estímulo ao consumo solidário. No mês passado, cerca de 40 pessoas passaram pelas atividades de formação de novas iniciativas. “A pandemia fez com que muitas ações passassem a ser realizadas de maneira remota ou com número reduzido de pessoas, para manter os cuidados necessários em saúde, como foi o caso das oficinas e palestras, mas ainda ”, lembrou Garcia.

As pessoas interessadas em participar podem procurar o Programa de Economia Solidária, direto no Economia Solidária (Avenida Rio de Janeiro, 1.278), assim como podem adentrar aos grupos através do encaminhamento da Cáritas Arquidiocesana e da rede de serviços socioassistenciais de Londrina.

A participação no projeto não se limita aos estrangeiros, por isso qualquer brasileiro em situação de vulnerabilidade social e econômica pode fazer parte.

Os produtos feitos pelos empreendimentos podem ser encontrados em dois espaços: no Centro Público de Economia Solidária, localizado na Avenida Rio de Janeiro, 1.278, esquina com Avenida Juscelino Kubitschek que funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, e na Casa da Economia Solidária Café e Arte, localizada na Praça 07 de Setembro, Centro, que funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h.

NCPML

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