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A Assembleia Legislativa do Paraná encerrou ontem (24) os debates do projeto “Salve a água: Ciclo de audiências sobre os reservatórios de Curitiba e Região” com um alerta: a necessidade de implantação de políticas públicas efetivas para preservação dos recursos hídricos de Curitiba e Região Metropolitana. Caso contrário, a região vai sofrer ainda mais com os problemas de abastecimento, exposto neste período de estiagem extrema.

A audiência pública remota promovida ontem pelo presidente da Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Goura (PDT), reuniu representantes de órgãos ligados à preservação ambiental para discutir ações de conservação em meio à maior crise hídrica da história do Estado. A última discussão do ciclo focou o debate na represa do Passaúna e na represa do Miringuava, duas das que abastecem a grande Curitiba. Nas edições passadas, foi discutida a situação das barragens Piraquara I e II e a represa do Iraí.

Para o deputado Goura, a discussão é urgente. “Se não tivermos políticas públicas sérias de preservação, teremos mais problemas de abastecimento. Necessitamos também dar mais visibilidade sobre o assunto para aumentar a consciência na população. Estamos concluindo a quarta audiência pública sobre a crise hídrica debatendo o direito à água. Faremos encaminhamentos formais sobre as discussões levantadas ao Governo do Estado”, disse.

O diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Julio Gonchorosky, frisou que a discussão é fundamental para o abastecimento de água na região. “A discussão é importante não só em momentos de crise. As ações de preservação têm de ser permanentes. Neste sentido, temos de lembrar nossa dependência da Serra do Mar, que só tende a aumentar. A conservação da Serra, assim como de rios e mananciais, é fundamental para Curitiba ter água no futuro”, afirmou Gonchorosky.

Segundo ele, os reservatórios da região trabalham hoje com cerca de 33% de sua capacidade. A última chuva que caiu sobre as bacias foi há 34 dias. Ainda de acordo com o diretor da Sanepar, o mês de setembro teve chuvas abaixo de 1 mm, quando o esperado para o período é de 150 mm.  A chuva, no entanto, caiu na Serra do Mar, o que ajudou nos reservatórios. “A estratégia mais inteligente e barata é conservar a Serra do Mar”, salientou.

Neste sentido, o biólogo Guilherme Karam, que integra a Fundação Grupo Boticário e é o responsável pelo Movimento Viva Água, lembrou a importância das matas para a água. “Os reservatórios sem vegetação tendem a sofre muito mais. A natureza reduz os impactos da água, tanto em momentos de escassez quanto de abundância”, lembrou. Já Bruno Otsuka, do Instituto Água e Terra (ITA), falou sobre os programas de conservação desenvolvidos pelo órgão. “Nossa preocupação é a implementação de políticas de gestão de bacias, principalmente em áreas de mananciais”, disse.

Dayse Mara Maia falou sobre o Projeto Socioambiental do Manancial Miringuava. A coordenadora do projeto explicou que a iniciativa tem o objetivo de alinhar preservação com desenvolvimento econômico, representando a vocação do local, promovendo a produção de água e fomentando o turismo. “O projeto é um divisor dentro águas dentro das ações da Sanepar. Tem agregado muito para a empresa e para a população”, contou. 

O arquiteto e urbanista da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (COMEC), Milton Luiz Brero de Campos, comentou sobre o trabalho desenvolvido pela COMEC em relação ao solo e seus reflexos na água. “Nós também desenvolvemos um papel de gestão compartilhada do uso do solo. Isso tem um impacto muito grande na questão da água. É um trabalho sistemático do uso do solo para manter a qualidade planejada nos planos das bacias”.

Já Carlos Alberto Porcides, da divisão de obras especiais da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), revelou os esforços do órgão para diminuir os loteamentos irregulares em áreas de preservação de mananciais. “A Cohapar trabalha para realocação de famílias que vivem em áreas em torno de rios e mananciais, sempre buscando alternativas para melhorar a condição das águas com a construção de novas unidades habitacionais”.

O professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Tobias Bleninger, também concorda que conservar é preciso. Ele fez uma série de recomendações para ações de preservação. Entre elas está o aproveitamento das áreas em torno de bacias para promover a educação ambiental. “Isto ajuda a população a criar a consciência da necessidade de preservar”, disse.

Participações

Também participaram da audiência a assessora jurídica de Promotoria do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Isabella Madruga da Cunha, as representantes da sociedade civil Mariane Cirino dos Santos e Marília Borgo, a agricultora Sandra Mara Ribas Machado, além de representantes das prefeituras da Região Metropolitana de Curitiba.

ALEP

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