Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Cascos, pêlos, sangue e gorduras, entre outros,  são processados pela  indústria de graxaria e fecham o  ciclo produtivo da cadeia suína

A carne suína é uma das três proteínas animais mais consumidas no mundo e  vem ganhando também, ano a ano, um lugar especial no prato do brasileiro. Só em 2020, o abate de suínos cresceu cerca de 6,4%, totalizando 49,3 milhões de cabeças segundo dados do IBGE.

Junto com a produção de carne, também aumenta a quantidade de rejeitos desses animais, como casco, pêlo, sangue, gorduras, entre outros que, se fossem dispensados na natureza, causariam um grande desastre. Mas, ao contrário disso, o material tem um destino nobre: transformados pela indústria da graxaria, os rejeitos viram componentes para ração animal e, principalmente, seguem para a produção de biodiesel – ao lado do sebo bovino e, especialmente, do óleo vegetal (soja).

Na região de Londrina, o grupo RPF -  quarto maior produtor de proteína suína do Estado - gera a cada mês em torno de 1400 toneladas de despojos provenientes dos abates diários de 3,1 mil cabeças em suas unidades de Ibiporã e Bocaiúva do Sul. Deste total, 10% resultam em graxa suína.

Segundo a gerente de suprimentos da Divisão Solutions do RPF Group,  Alexandra Lukianou, a totalidade dos resíduos é  atualmente processada por parceiros e destinada, em grande parte,  para a indústria do biodiesel, um mercado que tende a ser crescente na medida em que consumidores buscam produtos menos poluentes e agressivos à natureza.

De acordo com informações da Agência Embrapa de Informação Tecnológica (Ageitec), um suíno produz, em média, 8 quilos de banha, e cada quilo pode ser convertido em até 750 ml de biodiesel.

Além de colaborar com a drástica redução de impactos ambientais, o biodiesel obtido a partir da gordura animal apresenta outras vantagens, conforme aponta a Ageitec, como: maior número de cetano (que mede a qualidade de ignição de um combustível para máquinas diesel e tem influência direta na partida do motor e no seu funcionamento sob carga); maior estabilidade de oxidação e menor índice de iodo (que indica a quantidade de insaturações presente na gordura).

Na estimativa do grupo Fasa, um dos maiores processadores de resíduos de origem animal do país, o setor de biodiesel consome entre 60% e 70% da graxa suína produzida no Brasil. O diretor da empresa, Robinson Huver, comenta que o  preço do produto está bastante aquecido devido ao aumento da porcentagem de biodiesel ao diesel de 10% para 13%. Mas a tendência, na avaliação de Huver, é que a demanda e preços se assentem diante da nova decisão da Agência Nacional do Petróleo de voltar a reduzir o percentual da mistura. O que, na sua análise, não deve impactar fortemente no mercado. “Apenas os preços devem cair um pouco, devido à menor pressão na procura pelo produto”, considera.

RPF Group vai inaugurar graxaria em Ibiporã

O RPF Group vai  inaugurar, ainda este ano, sua própria indústria de subproduto na cidade de Ibiporã. Assim, passará a processar os despojos gerados em suas duas unidades de abate e também vai comprar rejeitos de abates de terceiros.

Com a inauguração da indústria, o RPF Group fecha todo o ciclo produtivo da cadeia suína, tendo total domínio da qualidade em cada etapa da produção.

O grupo trabalha desde a coleta e avaliação do sêmen até a terminação dos animais, oferecendo todos os insumos e assistência técnica – da logística até o manejo, garantindo um processo sustentável e maior renda aos integrados.

 “Essa questão é bastante importante para nós, porque garantimos ao consumidor e a nossos clientes a qualidade da procedência de nossos produtos”, comenta  Alexandra.

Benê Bianchi/Asimp

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.