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Ações se inspiram na natureza para amenizar problemas ambientais e são importantes para que o Brasil alcance metas do Acordo de Paris

Entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, líderes mundiais, organizações e ativistas se reuniram em Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26. O Brasil, país com a segunda maior área de florestas do mundo, se comprometeu novamente a investir para reverter o desmatamento e a degradação ambiental até 2030.

Comprometeram-se também com a meta países como Austrália, China, Estados Unidos, Guatemala, Rússia, Turquia e União Europeia. Essas nações ficam obrigadas a realizar investimentos públicos e aplicar fundos de iniciativa privada para atingi-la. Alguns desses fundos foram levantados para aumentar os investimentos em bioeconomia e Soluções baseadas na Natureza (SbN), expressão que foi citada várias vezes na COP26. 

De acordo com Nicole Brassac de Arruda, pesquisadora do Lactec, centro de ciência e tecnologia, se a redução dos impactos da intervenção humana não pode ser feita de forma integral, as SbN são caminhos para absorver carbono e regular o ciclo hidrológico, reduzindo o desmatamento e o risco de enchentes. “As SbN simulam o funcionamento da natureza em iniciativas que buscam diminuir a vulnerabilidade dos espaços a eventos como enchentes e erosão do solo”, explica.

A pesquisadora enfatiza que as SbN permitem avanços na direção do desenvolvimento sustentável das cidades: “Quando são incentivadas pelo poder público, auxiliam na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, além de promover saúde e bem-estar para a população”.

O que são as Soluções baseadas na Natureza

As SbN são um conceito que se baseia em processos naturais para impactar de forma positiva a sociedade, o meio ambiente e a economia. Segundo a Aliança Brasil em Soluções Baseadas na Natureza, elas são essenciais para que o Brasil consiga cumprir outra meta com a qual se comprometeu: o Acordo de Paris. A seguir, confira como funcionam quatro exemplos de Soluções baseadas na Natureza.

1 - Jardins de chuva

Altamente impermeabilizado, o solo nos espaços urbanos faz com que a água das chuvas escoe com maior velocidade e tenha menor infiltração no solo, o que contribui para a ocorrência de enchentes e a menor recarga das águas subterrâneas.

Os jardins de chuva são projetados para tratar, reter e absorver essa água que escoa de ruas, telhados e gramados, permitindo que mais dela penetre no solo e seja reincorporada ao ciclo hidrológico. Compostos de arbustos, flores e demais espécies de vegetação, esses jardins são plantados em áreas de encostas naturais ou depressões do terreno em espaços urbanos. Para compô-los, é ideal escolher espécies de plantas nativas e resistentes, que possam receber bastante água em um curto período de tempo e pouca nos períodos de seca.

2 - Parques lineares

Os parques lineares são construídos no entorno de corpos d’água como rios e córregos, formando uma linha verde ao longo de seus trajetos. Assim como os jardins de chuva, quando associados ao planejamento da cidade, esses parques multifuncionais podem se tornar uma alternativa aos problemas de drenagem urbana e a regularização do ciclo da água.

Segundo a pesquisadora do Lactec, contrapor a impermeabilização do solo é um desafio: “A construção de parques lineares de maneira isolada não é uma resposta única para problemas de enchentes, por exemplo. No contexto das SbN, devem ser consideradas várias soluções de integração entre a infraestrutura verde e a infraestrutura cinza, buscando a resolução dos problemas da cidade”.

3 - Recuperação de áreas verdes degradadas

No caminho que faz pela superfície terrestre até voltar aos corpos de água, superficiais ou subterrâneos, as águas pluviais podem arrastar consigo solo, folhas, galhos e, inclusive, poluentes. Atividades de conservação ambiental como a recomposição de mata ciliar e demais áreas verdes degradadas e o uso de plantas de cobertura na agricultura — que protegem o solo de erosão e auxiliam na infiltração da água  — podem reduzir essa poluição nas bacias hidrográficas, além de contribuir para a recarga de aquíferos.

4 – Estações de tratamento de esgoto baseadas na natureza

Também conhecidos como alagados construídos, são sistemas de tratamento de esgoto domésticos ou industriais baseados em processos biológicos como a fitorremediação. Esse processo utiliza plantas para remover diferentes tipos de poluentes da água com baixo custo de energia. A água que passa por este tratamento pode, então, ser reutilizada para os mais diversos fins, de acordo com a qualidade atingida pelo processo — o que diminui a pressão sobre os recursos hídricos.

Luiza Lafuente Woellner dos Santos/Asimp

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