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Organizações vão intensificar as ações para demonstrar descontentamento com a falta de respostas e descaso por parte do governo em solucionar o drama das famílias do campo.

Mais uma vez, a agricultura familiar pede socorro. Na abertura dos trabalhos na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), na semana passada, o governador Ratinho Júnior (PSD) comemorou o fim do rodízio no abastecimento de água em regiões paranaenses mais afetadas, como a Grande Curitiba, depois de dois anos de escassez hídrica rigorosa. Mas os problemas no campo continuam e o drama da agricultura familiar com os prejuízos decorrentes da estiagem se tornam cada vez mais dramáticos.

A pedido das entidades que representam o segmento produtivo da agricultura familiar e da agricultura camponesa, como sindicatos, associações e cooperativas de produção e de crédito, o Bloco Parlamentar da Agricultura Familiar na Assembleia Legislativa do Paraná, liderado pela deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), ouviu a reclamação das organizações em reunião remota nesta terça-feira (8/02) e se colocou à disposição de reforçar o pedido das entidades junto ao governo do estado. Além da negociação junto ao Poder Executivo, as lideranças populares querem também envolver os parlamentares estaduais, as representações de prefeitos e de vereadores das regiões mais afetadas e o Ministério Público no socorro e na construção de soluções urgentes para amenizar o drama das famílias produtoras de alimentos.

Entre as prioridades da pauta de reivindicações da agricultura familiar estão a efetivação de um programa de auxílio emergencial às famílias afetadas pela estiagem, uma espécie de “bolsa estiagem” no valor de um salário mínimo por unidade familiar e acréscimo de 50% àquelas chefiadas por mulheres; criação de um comitê emergencial amplo, com participação desses atores e autoridades envolvidos e levantamento real dos impactos da estiagem e dos prejuízos nas lavouras e nas atividades de beneficiamento da produção agropecuária da agricultura familiar, para além das culturas só de soja, milho e feijão, que, segundo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB/PR), somaram perdas em torno de 9 milhões de toneladas de grãos ou prejuízos calculados em mais de 30 bilhões de reais.

As organizações da agricultura familiar defendem também uma política ambiental efetiva, destinada à proteção, conservação dos recursos e o pagamento por serviços ambientais, fomento para aqueles agricultores que não acessaram o crédito rural e, por conta disso, também não puderam contar com seguro agrícola; financiamento direto aos agricultores e assistência técnica e extensão rural, dentro do Coopera Paraná, entre outras ações.

Medidas concretas

 “Não temos avançado nos entendimentos com o governo para além de portas abertas para reunir e dialogar. Além disso, precisamos de medidas concretas, de políticas estruturantes, que tragam soluções a médio e longo prazos porque o drama dos agricultores com a estiagem se repete todos os anos”, disse o coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Paraná, Elizandro Kracjzyk. Marli Brambilla, da Cooperativa de Comercialização da Reforma Agrária (Coana) em Querência do Norte, lembrou a resposta do governo do estado à pauta entregue no início do ano passado. “A maioria dos pontos sequer foram atendidos. A única resposta por escrita que tivemos, em maio de 2021, dizia que não havia recurso previsto na lei orçamentária para socorrer os agricultores e as cooperativas por causa da estiagem. Um ano depois, continua não existindo?”, perguntou. “Nós temos de achar o caminho para fazer isso acontecer”, disse ela.

Ao final da reunião, a deputada Luciana disse que o Bloco vai solicitar o Grande Expediente da Casa de Leis para que as organizações da agricultura familiar se manifestem e busquem sensibilizar os parlamentares estaduais, que são na maioria da base do governo, e ainda reforçar as reivindicações dos agricultores familiares nesse espaço. Participaram também da reunião do bloco os deputados estaduais Arilson Chiorato, Professor Lemos e Tadeu Veneri, do PT, além de representante do mandato do deputado Goura (PDT).

Thea Tavares/Asimp

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