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Após elevação de 30% em uma semana, especialista fala sobre a importância da atuação coletiva para combater os criadouros do mosquito

O Paraná registrou 6.849 novos casos confirmados de dengue em apenas uma semana; um aumento de quase 30%. Os dados publicados no boletim semanal da Secretaria da Saúde (Sesa), divulgado no dia 26 de abril, mostram a dimensão do problema: 94.344 casos notificados [14.340 a mais em comparação à semana anterior], 30.010 confirmados, sendo 584 graves e 5 óbitos no Estado, nas cidades de Nova Esperança, Arapongas, Tapira, Matelândia e Medianeira.

De acordo com a Sesa, mais de 90% dos municípios paranaenses fizeram notificações e em 300 cidades há casos confirmados. A situação colocou as autoridades em alerta e o Governo do Estado já decretou epidemia da doença. A estratégia agora é reforçar a prevenção, que só pode ser feita com o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

Para que o Estado consiga controlar a situação, é preciso contar com a participação da comunidade. A biomédica Daiane Pereira Camacho diz que a eliminação dos criadouros do mosquito exige esforço coletivo, associado à estruturação de políticas públicas efetivas para o saneamento básico e o uso de inseticidas.

“Enquanto as pessoas não aprenderem a dar a destinação correta aos resíduos, continuaremos a ter epidemias de dengue. É preciso que todos mantenham seus quintais e suas casas livres de resíduos que possam acumular água e favorecer a proliferação do mosquito”, explica a especialista, que também é vice-presidente do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6) e diretora da Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Maringá.

Fiscalização e educação

Vasos de plantas, pneus, piscinas sem uso e sem manutenção, potes plásticos e até mesmo recipientes pequenos - como tampas de garrafa - deixados expostos à chuva podem manter a água parada e servir de criadouro ideal para o inseto. Em Maringá, a Prefeitura iniciou uma campanha de orientação e conscientização da população. No dia 16 de abril foi realizado um mutirão de conscientização nos bairros.

O resultado? “Foram coletados 37 toneladas de potenciais criadouros do mosquito após uma vistoria em mais de 6 mil imóveis”, conta Daiane. O município também retomou o uso do fumacê [fumaça com baixas doses de um agrotóxico que elimina boa parte dos mosquitos adultos presentes na região].

A biomédica representante do CRBM6 explica que, além das ações de fiscalização e educação da comunidade, os governos precisam garantir recursos humanos e insumos para a estruturação do Programa Municipal de Controle da Dengue.

“É importante que os municípios tenham instrumentos legais para notificar proprietários negligentes, para articular toda a gestão em ações de manejo ambiental e para realizar atividades de educação sobre a doença em conjunto com as escolas e entidades da sociedade civil”, avalia.

Outras doenças graves

O mosquito Aedes aegypti não é responsável apenas pela transmissão da dengue. O inseto pode causar outras doenças graves como a zika vírus e o chikungunya. Os sintomas são parecidos – como febre e dores musculares – mas as doenças têm gravidades diferentes, sendo a dengue a mais perigosa, já que, em sua versão hemorrágica, pode levar à morte.

Segundo o boletim divulgado pelo Estado do Paraná, são 13 casos confirmados de chikungunya e, até o momento, nenhum de zika.

 “Não tivemos casos confirmados de zika vírus no Paraná neste ano epidemiológico, mas vale ressaltar que as medidas de prevenção são as mesmas adotadas para o controle da dengue, pois são doenças transmitidas pelo mesmo vetor. É importante que os médicos e enfermeiros se atentem para os sintomas e tenham atenção especial com as gestantes, tendo em vista que já tivemos um surto de microcefalia registrado em Pernambuco em 2015”, lembra a biomédica Daiane.

Transmissão “em casa”

O levantamento da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) revela que 26.074 dos casos confirmados de dengue no Paraná são autóctones - quando a doença é contraída no município de residência dos pacientes. “É fundamental, neste momento de epidemia, que todos atuem em conjunto. Além de eliminar os recipientes com água parada, é importante o uso de repelentes pela população”, orienta Daiane.

Em caso de sintomas como febre associada a náuseas, vômitos, vermelhidão na pele, dor muscular, dor na região atrás dos olhos ou dor nas articulações, a especialista recomenda que as pessoas busquem uma Unidade Básica de Saúde. “A população precisa se conscientizar e fazer sua parte, pois a dengue mata.”

Saiba mais sobre a dengue

A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O inseto se multiplica em locais com água parada, recipientes e entulhos deixados nos quintais ou até mesmo dentro de casa. Existem quatro tipos diferentes do vírus: sorotipos 1, 2, 3 e 4.

A dengue pode se assemelhar a uma gripe forte e, em casos graves, leva a óbito. A recomendação é ficar atento aos sintomas e procurar orientação médica. O diagnóstico é feito com sorologia para determinar a presença de anticorpos contra o vírus.

Não há remédio para a dengue e os medicamentos só devem ser usados sob prescrição médica. O tratamento é baseado no alívio dos sintomas e na hidratação oral em abundância (água, soro caseiro, água de coco).

Marlise Groth Mem/Asimp/CRBM6

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