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Na última fiscalização, o Crea-PR visitou 27 cervejarias no Paraná, diante do crescimento deste tipo de empreendimento no Estado.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR)  reforça a importância de profissionais habilitados nas indústrias de bebidas e alimentos, de modo a garantir a segurança dos consumidores. O tema voltou a ser discutido após contaminação na cerveja Belorizontina em Minas Gerais. Quatros mortes suspeitas depois da ingestão da bebida e mais 18 notificações de casos que podem estar relacionadas com lotes contaminados. A polícia mineira investiga o que pode ter acontecido e como a bebida foi contaminada antes de chegar aos consumidores.

Na última fiscalização, o Crea-PR visitou 27 cervejarias no Paraná, diante do crescimento deste tipo de empreendimento no Estado. O principal objetivo era identificar os responsáveis técnicos pelos locais, já que a atividade exige um acompanhamento profissional em toda a cadeia produtiva para garantir a segurança e qualidade do produto.

Facilitador de fiscalização do Crea Apucarana, Murilo Granado lembra que durante as visitas no Paraná foram encontradas empresas sem responsáveis técnicos e, assim, houve a oportunidade de regularização. “Muitas delas se regularizaram e contrataram os profissionais, pois desconheciam a necessidade do acompanhamento. Percebemos inclusive um trabalho pedagógico envolvido na ação, pois mesmo empresas não visitadas pela fiscalização, de forma espontânea, ao tomarem conhecimento das exigências, promoveram a regulação, isso acontece principalmente pelo contato que existe entre elas”, comentou.

Ele ressaltou que as fiscalizações do Crea-PR são orientativas em um primeiro momento, mas caso as recomendações do fiscal não sejam atendidas, isso pode gerar sanções e multas. Conforme Granado, existem alguns títulos profissionais que podem assumir a responsabilidade técnica deste tipo de empresa, dentre eles, o Engenheiro Químico, o Engenheiro de Alimentos e até mesmo o Engenheiro Agrônomo.

A atividade de uma cervejaria é de produção. Ela faz uma transformação de produto. Então, utiliza a matéria-prima, como água, malte e lúpulo, e através de um processo transforma isso em cerveja. Para fazer essa transformação em um outro produto diferente, sempre precisa de um responsável técnico.”

Nas fiscalizações, além da atividade fim das empresas, o Crea-PR também vistorias os serviços terceirizados, como a manutenção de equipamentos. “Não basta o processo produtivo ser bem feito, se o equipamento apresentar alguma falha, também pode acarretar em problemas no produto final. Então, também fiscalizamos qual empresa fez a manutenção da linha da montagem, produção e acessórios”, acrescenta Granado.

Segurança

A Engenheira de Alimentos e Inspetora do Crea-PR, Giselle Naomi Onuki, explica que o profissional responsável deve acompanhar etapas de recebimento, armazenagem, moagem, brasagem, fermentação e maturação, entre outras, durante o processo de uma indústria cervejeira.

“Após a ebulição, o mosto lupulado sofre resfriamento até temperatura de 9º C. Após a maturação e filtração da cerveja, ela é novamente submetida a um novo aquecimento e posteriomente a um novo resfriamento, agora em torno de 0ºC a -2ºC para melhor fixação das propriedade. Porém, durante esse processo não pode haver congelamento. O etilenoglicol presente nas tubulações permite que a bebida passe por essas etapas sem congelar. No entanto, não pode haver o contato com a substância, senão ocorre a contaminação”, explica.

De acordo com a Engenheira, uma das possibilidades de contaminação é quando há microfuros na tubulação, não visíveis a olho nu. “Por isso, é necessário que o produto passe por uma análise físicoquímica no final do processo para garantir que tudo saiu da maneira correta”, completa.

Ela lembra que as ferramentas de gestão que envolvem a segurança alimentar são primordiais para o fornecimento de um produto seguro para o consumidor, como a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). O objetivo dessa ferramenta é o controle dos perigos à produção de alimentos e bebidas. “Consiste em separar uma amostragem do produto e verificar se ele atende aos parâmetros de qualidade exigidos pela legislação”, diz.

As operações precism ser monitoradas por indicadores de eficiência operacional, padrão de qualidade e segurança do produto. “Um bom engenheiro de produção, químico ou de alimentos é responsável por checar todo o processo e garantir que os equipamentos estejam em bom estado e passem por manutenção preventiva. O processo de refrigeração também faz parte da produção de sucos e leites, por exemplo, não só de cervejas.”

De acordo com a Inspetora do Crea-PR, o papel dos profissionais da área de alimentos é estudar e monitorar continuamente as etapas de processo, que vão desde validação de fornecedores, recebimento de ingredientes e insumos, monitoramento dos parâmetros de produção e qualidade, manutenção dos equipamentos, inspeções de equipamentos e tubulações, até a chegada do produto no seu destino final.  

Samara Rosenberger/Asimp

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