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Presidente fez pronunciamento para rebater falas de Sérgio Moro, que se demitiu Ontem (24). Procurador-geral da República pede que Supremo investigue as acusações

Em uma coletiva de imprensa cercado por quase toda sua equipe ministerial, o presidente Jair Bolsonaro, rebateu as acusações feitas por Sérgio Moro ao anunciar sua demissão. Ele disse que o ex-ministro tentou negociar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) em troca do afastamento de Maurício Valeixo, então comandante da Polícia Federal. Vale lembrar que é o presidente da República que indica os ministros do STF e que uma vaga deve ser aberta neste ano com a aposentadoria do ministro Celso de Mello e no ano que vem com a saída de Ricardo Lewandowski. “Mais de uma vez, o senhor Sérgio Moro disse para mim: 'Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal'. Me desculpe, mas, não é por aí”, disse o presidente.

O ex-ministro Sérgio Moro pediu demissão do cargo depois de 16 meses à frente do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. De acordo com o ex-juiz federal, conhecido pela atuação na Operação Lava-jato, a decisão foi tomada depois do presidente da República anunciar que iria exonerar o antigo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo.

A acusação de Bolsonaro, diverge da versão alegada por Sérgio Moro. Após a coletiva do presidente, o ex-ministro foi às redes sociais fazer sua tréplica. Disse que “A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF”.

Intervenção na PF

Durante o anúncio de que estava deixando o cargo, Moro reclamou que Bolsonaro não respeitou a promessa de deixar para ele as nomeações para cargos ligados ao ministério. Mas o centro da discordância entre Bolsonaro e Moro foi a suposta intervenção do presidente em investigações de interesse dele. O ex-ministro indicou que a demissão de Valeixo seria uma forma de Bolsonaro ter acesso a diligências em andamento. “Não é uma questão de quem colocar, mas de porque trocar, e de permitir a interferência política na Polícia Federal. O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que pudesse colher informações e relatórios de inteligência”, justificou Moro. “Imagine se durante a própria Lava-jato, os ministros, a então presidente Dilma ou o ex-presidente Lula, ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento”, exemplifica.

Na coletiva em que fez sua defesa, Bolsonaro negou várias vezes as intervenções, mas também disse que estava insatisfeito com a pouca atenção dada a temas pelas quais prezava ou que diziam respeito a ele e sua família. Reclamou, por exemplo, que a investigação da ex-vereadora Marielle Franco tenha recebido mais atenção do que a tentativa de homicídio que o agora presidente sofreu durante a campanha.

Bolsonaro também falou que queria ter maior contato com a PF, assim como tem com os órgãos de inteligência, citando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). E disse que chegou a pedir “quase como um favor” que a PF interrogasse Ronnie Lessa, policial reformado acusado de matar Marielle Franco. Afirmou que teve acesso a uma cópia do depoimento, que é sigiloso. A questão em xeque era um suposto relacionamento de Jair Renan, um dos filhos do presidente, com a filha de Ronnie Lessa.

Aras quer investigação das falas de Moro

Depois da demissão e das acusações de Sérgio Moro, o procurador-geral da República, Augusto Aras decidiu pedir ao STF uma investigação das alegações feitas pelo agora ex-ministro. O inquérito deve mirar tanto em Moro como em Bolsonaro, para avaliar se eles cometeram crimes como falsidade ideológica, coação no curso do processo, obstrução de justiça e denunciação caluniosa, por exemplo. Uma das providências solicitadas por Aras é que Sérgio Moro seja ouvido pelo Supremo em uma oitiva.

Daniel Marques/Agência do Rádio

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