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Padre Mário Marcelo Coelho, SCJ, afirma que a celebração do Sagrado Coração de Jesus mostra essência de quem é Deus e convida a experimentar seu Amor

 “Celebrar a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é professar quem é esse Deus em quem acreditamos, é vermos quem é Deus, a sua essência: Deus é amor”. Assim explica o sacerdote da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, padre Mário Marcelo Coelho, sobre a Festa que é celebrada pela Igreja Católica nesta sexta-feira, 19.

Realizada em data móvel, essa solenidade é festejada sempre na segunda sexta-feira após a festa de Corpus Christi.

Padre Mário explica que essa festa é uma das três que são realizadas após o término do Tempo Pascal, logo após a Solenidade da Santíssima Trindade e Corpus Christi. “A partir da celebração da Páscoa, da Ressurreição do Senhor, celebramos o fundamento da nossa fé cristã, cremos num só Deus em três pessoas – O Corpus Christi -, nós caminhamos com o ressuscitado e Ele caminha conosco. E a solenidade do Sagrado Coração de Jesus nos mostra justamente em quem acreditamos e qual a essência da nossa fé”.

Padre Mário Marcelo Coelho, SCJ / Foto: Arquivo Pessoal

O sacerdote lembra que, em toda a Bíblia, só há uma definição de quem é Deus, que diz: “Deus é amor” (cf. I Jo 4,16) e que, nesta solenidade, além de compreender essa definição, Deus convida a fazer uma experiência deste Amor.

 “Quem faz a experiência de sentir-se amado, de viver esse amor de Deus por nós, quem toma consciência disso, vai viver uma fé baseada no Amor, vai viver a caridade. Então, celebrar o Sagrado Coração de Jesus é, ao mesmo tempo, de um olhar para Jesus, e através de Jesus, do Coração de Deus, nós vamos olhar para nossos irmãos e irmãs. É tornar esse amor real, concreto na vida das pessoas”, explica o sacerdote.

Em resumo, ele destaca que é olhar para Deus, ver Sua essência, fazer a experiência desse Deus que é Amor e viver esse Amor, numa dupla direção, a Deus e aos irmãos.

Reparação e promessas

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é muito antiga, mas ganhou um novo impulso com as visões de Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), a quem Jesus mostrou seu coração cheio de amor pela humanidade e das inúmeras ofensas que recebia em troca; além de realizar várias promessas a quem introduzisse a imagem do Sagrado Coração em seu lar e para os que comungarem durante as nove primeiras sextas-feiras seguidas.

Sobre essas ofensas que Jesus se refere nas aparições, padre Mário explica que, quando o amor de Deus não é compreendido, já é uma forma de não corresponder ou mesmo uma ofensa a esse amor.

“Nessa revelação de Jesus a Santa Margarida, Jesus fala da necessidade de uma reparação. Reparar é reconstruir o que está desconfigurado, aquilo que está destruído, o que é pecado no mundo de hoje, aquilo que é sinal de trevas. Nós somos chamados a olhar para o coração de Jesus, para a experiência do coração e reparar tudo aquilo que está desfigurando o coração de Jesus na humanidade hoje”, destaca.

Nesse sentido, padre Mário afirma que todas as vezes que a pessoa luta contra o mal, seja do caráter físico, seja do caráter espiritual, ela está reparando e lutando contra o pecado.

Recordando uma frase do Papa Pio XII que dizia: “o maior pecado da humanidade é que a humanidade está perdendo a consciência de pecado”, padre Mário destaca que o pecado vai obscurecendo a consciência.

 “Nós vamos nos acostumando com o pecado. O grande problema é quando nós nos acostumamos com o mal, quando estamos inseridos nele e não lutamos contra ele, pelo contrário, cedemos a este mal. Quanto mais cedemos ao mal, mais ele toma conta da gente. E toda vez que praticamos um pecado, um mal, isso vai como que configurando a nossa consciência, que vai se identificando com nossas obras”, explica o sacerdote.

Segundo ele, ao acostumar-se com o mal, a pessoa terá um coração cada vez mais duro, “de pedra”, como diz em Ezequiel (cf. Ez 36,26-27), e se afastará mais do Coração de Jesus. “Nesse sentido que nossas atitudes desagradam o coração de Jesus, porque todo pecado nosso é um atentado contra o nosso coração e contra a nossa natureza, porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus. E se Deus é Amor, nós nascemos para amar”.

Santificação dos sacerdotes

Coincidindo com a Solenidade, acontece o Dia Mundial de Oração pela santificação do Clero. Para padre Mário, esta é uma iniciativa “maravilhosa”, a Igreja convidar todos os cristãos a rezarem pela santificação dos sacerdotes.

Ele explica que esta data foi instituída com dois objetivos. Primeiramente, para que os sacerdotes tomem consciência de que, em sua fragilidade, tem pessoas rezando por ele.

“O sacerdote também é humano. Tem suas fragilidades, pecados, suas vulnerabilidades e precisa da oração do povo. No momento da Missa, na apresentação das ofertas, quando o padre vai lavar as mãos ele diz: ‘lavai-me Senhor das minhas faltas, purificai-me dos meus pecados’. Ele faz como que uma confissão pública de que ele é frágil, que ele peca e precisa do perdão de Deus. E rezar pela santificação dos sacerdotes é justamente pedir: ‘Senhor, dai aos sacerdotes a graça de ser melhor'”, esclarece.

O outro objetivo é que a Igreja convida os sacerdotes a fazer uma reflexão sobre qual a sua missão. E o fato deste dia ser colocado no contexto da Festa do Sagrado Coração de Jesus indica que o sacerdote deve olhar para o Bom Pastor, afirma padre Mário.

“O Sagrado Coração de Jesus é o Bom pastor. É a exemplo do Bom Pastor que o sacerdote deve tornar-se um pastor. Então, é importante, neste dia, o padre refletir sobre sua missão: será que ele está sendo um bom pastor a exemplo do Grande Pastor?”.

Desafios atuais

Padre Mário aponta que os padres enfrentam inúmeros desafios, como o individualismo da sociedade atual, a indiferença à própria religião, à própria vida cristã, à fé e aos valores propostos pela Igreja. E o questionamento é como ser testemunho de esperança, de confiança e do amor de Deus.

“O sacerdote é o rosto do coração de Jesus junto às pessoas hoje, junto aos pobres, aos desempregados, aos injustiçados, aos doentes, às pessoas que sofrem discriminação. Esse é o desafio do sacerdote hoje: Como ser a presença do coração de Jesus no meio da humanidade?”

No contexto da pandemia de coronavírus, os sacerdotes, em várias partes do mundo, estão obrigados a ficar distantes do seu povo, mas, segundo padre Mário, a orientação da Igreja de seguir as orientações dos especialistas é um exemplo e também uma forma de demostrar a abertura para o diálogo entre fé e razão, entre a religião e a ciência.

Ele lembrou que, neste momento, têm-se usado muito as redes sociais, e é importante usá-las para levar uma palavra de esperança e confiança. “Estamos rezando com as comunidades. Veja o quanto hoje, através dos meios de comunicação, padres e leigos estão fazendo companhia para as pessoas que estão isoladas, sobretudo os idosos. Este é o primeiro ponto. E vai chegar o momento em que a Igreja poderá, seguindo as orientações sanitárias, atender o povo e dar os sacramentos pessoalmente”.

Padre Mário destacou que, neste tempo, as pessoas não têm perdido a graça dos sacramentos, como a própria Igreja tem indicado “Deus nos alcança”. “A graça de Deus alcança essas pessoas que não têm a oportunidade de confessar, de participar da Eucaristia. Deus sempre encontra sua forma de alcançar essas pessoas. Mas vai chegar o momento em que poderemos atender, de uma forma pessoal, as pessoas na graça dos sacramentos”.

Canção Nova/Kelen Galvan

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