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Quem não se impressiona com a manifestação do amor dedicado de uma mãe ao cuidar de um filho doente, acamado, necessitado de consolo e amparo? Mesmo que a mãe, pela medicina, possa fazer muito pouco para a recuperação da saúde física do filho, ela se coloca ao lado dele sem medir esforços na tentativa de vê-lo recuperado, totalmente são e salvo. Em muitos casos, parece que, quanto mais grave for a doença do filho, mais a mãe se torna solícita em atenções de afeto, de presença, sem se preocupar consigo mesma, com o próprio descanso, a própria saúde. Sem dúvida, uma chama de esperança a encoraja, tornando-a crédula na cura do filho.

Sabemos que a esperança não decepciona, de modo que, entre lágrimas e preces a Deus, em determinado momento, chega a feliz notícia de que o filho se recuperou, pois, aquela grave doença foi superada. No entanto, em outros casos, aquela apreensão de não poder fazer muita coisa para curar o filho dá lugar à tristeza da perda. O quadro clínico do filho era bem grave e, inesperadamente, a mãe recebe a dilacerante notícia: “Fizemos de tudo, mamãe, mas seu filho, sua filha, não resistiu”.

Fatos assim dolorosos e outros alegremente confortantes me levaram a contemplar o mistério da dor e, ao mesmo tempo, da esperança da Virgem Maria, por ocasião da morte de seu filho Jesus, mistério este que a Igreja também celebra anualmente no dia 15 de setembro, na memória de Nossa Senhora das Dores, um dia após a celebração da festa da Exaltação da Santa Cruz. Como vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias, cultivo a devoção à Virgem das Dores através da imagem de Nossa Senhora da Pietà, que fica ao lado do presbitério do Santuário. Uma imagem que representa o gesto materno da Virgem Maria, que acolhe em seus braços Jesus morto, em estreita comunhão com o mistério redentor de Cristo.

O texto do Evangelho, que a memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores nos oferece, narra o momento no qual Jesus já está crucificado (cf. João 19,25-27). Por sua vez, Maria estava de pé, perto da cruz de Jesus com outras mulheres e o discípulo amado. Apesar de sua dilacerante dor por causa do sofrimento de Jesus, Maria ali estava, certamente, motivada pela fé na ressurreição do Senhor, que por algumas vezes o próprio Jesus havia anunciado. Eis o segredo da Mãe Dolorosa: fé na ressurreição de Cristo; e dessa graça decorre uma força que sustenta Maria naquele momento de sofrimento, onde “uma espada traspassou sua alma” (cf. Lucas 2, 34-35).

Na cruz, Jesus oferta o discípulo amado à Maria: “Este é o teu filho”; por sua vez, ele também oferta Maria ao discípulo amado: “Esta é a tua mãe”. Nesse mútuo e divino ofertório, Maria recebe a missão de expandir o dom de sua maternidade espiritual a todos aqueles que, pela fé, são discípulos de Cristo, principalmente, os sofredores. Ninguém escapa à solicitude da Mãe do Senhor, pois, em sua materna intercessão, temos a certeza que junto aos crucificados do mundo, aos sofredores e necessitados, sempre encontraremos a Virgem Maria, firme na fé, encorajando-nos à esperança, pois ela se manteve firme na fé e sabe muito bem que para Deus nada é impossível.

Aprendamos com a Mãe das Dores a enfrentar os sofrimentos da vida, a partir de gestos concretos de misericórdia com os que sofrem, e assim o bálsamo do amor de Deus despertará nos corações a esperança na vitória da vida sobre a morte.

Padre Wagner Ferreira da Silva é missionário da Comunidade Canção Nova e vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias.

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