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A experiência de Papa Francisco, no Santuário de Aparecida, marcou profundamente a sua vida e o seu pontificado. Lá, ele foi grandemente influenciado por Nossa Senhora, de modo particular durante a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe (CELAM).

Participar dessa conferência marcou a vida do Santo Padre, especialmente em sua prática pastoral e em sua devoção mariana. Tanto que, antes dos muitos compromissos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013), Francisco quis visitar a “Casa da Mãe”1, como ele carinhosamente chamou o Santuário. Certamente, o então Cardeal Jorge Mario Bergolio foi um dos bispos, como ele disse, “inspirados pelos milhares de peregrinos”2 que visitam, diariamente, o local para confiar sua vida a Nossa Senhora. A respeito dessa experiência, já como Sucessor de Pedro, disse: “Aquela Conferência foi um grande momento de vida de Igreja”3.

Casa da Mãe

O Cardeal Bergolio sentiu-se tocado profundamente pela V Conferência e pela sua mensagem; ao mesmo tempo, a sua experiência pastoral e mariana no Santuário marcaram o Documento de Aparecida. Essa experiência única o marcou tanto, que está na memória e no coração do Santo Padre. Podemos dizer que “o espírito de Francisco foi ‘forjado em Aparecida’”4 e, ao mesmo tempo, “a sua profunda experiência pastoral ajudou a forjar o espírito de Aparecida”5.

Consequentemente, o Santuário é uma peça-chave para compreender o papado de Francisco, pois a Conferência recebeu muitas colaborações de Bergolio, que se deixou interpelar pelas inquietações que os bispos apresentaram e as assumiu como próprias. Comprovam essa marca de Francisco a sua visita ao Santuário Nacional, em 2014, e as mais de cinquenta menções, em seus discursos, de Nossa Senhora Aparecida e da V Conferência realizada na “Casa da Mãe”.

A experiência em Aparecida foi tão marcante que, na JMJ Rio2013, o Santo Padre falou aos bispos do Brasil sobre o encontro da imagem de Nossa Senhora como “chave de leitura para a missão da Igreja”6. Em Aparecida, Deus ofereceu ao Brasil a Sua própria Mãe e, ao mesmo tempo, Ele deu também uma lição sobre Si mesmo, sobre o Seu modo de ser e agir. O milagre de Aparecida começa com a busca de pescadores pobres, que “possuem um barco frágil, inadequado; têm redes decadentes, talvez mesmo danificadas, insuficientes”7.

Mistério divino

Na sua busca por peixes, encontram a imagem da Imaculada Conceição, primeiramente o corpo, depois a cabeça. “Em Aparecida, desde o início, Deus dá uma mensagem de recomposição do que está fraturado, de compactação do que está dividido. Muros, abismos, distâncias ainda hoje existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar dessa lição: ser instrumento de reconciliação”8.

A iniciativa do milagre foi de Deus e da Virgem Maria, mas foi necessária uma abertura ao mistério divino. Se os pescadores, ao encontrar o corpo da imagem, a tivessem jogado de volta no rio, provavelmente, o milagre não aconteceria. Felizmente, “os pescadores não desprezam o mistério encontrado no rio. Embora fosse um mistério que tenha aparecido incompleto, não jogaram fora seus pedaços. Esperam a plenitude, e esta não demorou a chegar. Há, aqui, algo de sabedoria que devemos aprender. Há pedaços de um mistério, como partes de um mosaico, que vamos encontrando. Nós queremos ver muito rápido a totalidade; e Deus, pelo contrário, faz-Se ver pouco a pouco. Também a Igreja deve aprender essa expectativa”9.

Mistério de Deus e simplicidade

Assim como aqueles pobres pescadores, a Igreja precisa dar espaço para o mistério de Deus, para que Ele encante e atraia as pessoas, pois somente a Sua beleza pode atrair. Ele se faz levar para casa naquela pequena imagem, desperta em nós o desejo de guardá-Lo em nossa própria vida, em nossa própria casa, em nosso coração. Deus também nos inspira a chamar os vizinhos para dar-lhes a conhecer a Sua beleza. A missão da Igreja nasce precisamente dessa fascinação divina, dessa maravilha do encontro.

Porém, sem a simplicidade daqueles pescadores a nossa missão está fadada ao fracasso. “A Igreja tem sempre a necessidade urgente de não desaprender a lição de Aparecida […] As redes da Igreja são frágeis, talvez remendadas; a barca da Igreja não tem a força dos grandes transatlânticos que cruzam os oceanos. Contudo, Deus quer se manifestar justamente por nossos meios pobres, porque é sempre Ele quem está agindo”10.

Referências:
1. CANÇÃO NOVA. Homilia do Papa Francisco em Aparecida em 24 de Julho de 2013.
2. Idem, ibidem.
3. Idem, ibidem.
4. MELLO, Pe. Alexandre Awi. “Ela é minha Mãe!”: Encontros do Papa Francisco com Maria. 3ª ed. São Paulo: Loyola, 2014, p. 135.
5. Idem, ibidem.
6. PAPA FRANCISCO. Encontro com o Episcopado Brasileiro em 27 de julho de 2013, 1.
7. Idem, ibidem.
8. Idem, ibidem.
9. Idem, ibidem.
10. Idem, ibidem.

Natalino Ueda - Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blogTodo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort

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