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19 mil médicos, enfermeiros e auxiliares atendem 140 mil pacientes renais crônicos, sendo 90% do SUS, que dependem do tratamento para sobreviver

A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) alerta o Governo Federal sobre a necessidade de incluir os profissionais da saúde que atuam nas clínicas de diálise de todo o país, prestadoras de serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS), na lista de grupos prioritários no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. No Brasil, 19 mil profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem atendem semanalmente mais de 140 mil brasileiros com Doença Renal Crônica (DRC) que dependem das sessões de diálise para sobreviver e estão altamente expostos à contaminação do novo coronavírus.

A Associação reconhece a necessidade de imunizar inicialmente os trabalhadores que atendem os pacientes contaminados com Covid-19 e os que estão envolvidos na campanha de vacinação, mas lembra que os profissionais que atuam nas clínicas de diálise também deveriam ser considerados da linha de frente, pois atendem pacientes renais crônicos contaminados ou suspeitos dentro e fora do ambiente hospitalar. A entidade defende a importância de garantir as condições de segurança desse grupo, reduzindo o risco de novas contaminações e evitando que mais pacientes ocupem leitos nos hospitais públicos e privados, que já operam próximos de sua capacidade na maior parte do país.

O presidente da ABCDT, Marcos Alexandre Vieira, ressalta que muitas clínicas prestam serviços também em hospitais e que estes estão priorizando seus próprios funcionários, sendo os médicos e a enfermagem de diálise consideradas “terceiros”. “Diante desse quadro de pandemia, é emergencial que o Ministério da Saúde dê uma atenção especial ao setor da nefrologia. O Governo precisa fiscalizar, de forma que se cumpra a determinação do Plano de Imunização, sem qualquer tipo de discriminação entre equipes próprias e terceirizadas. Nossa maior preocupação é tratarmos diariamente um público com debilidades específicas, aliada ao grande potencial de mortalidade que o Covid-19 pode atingir nesses pacientes e em toda a cadeia da saúde”, ressalta Vieira.

A população dialítica já é considerada de alto risco e constituída em grande parte por pacientes diabéticos e com outras comorbidades e precisa manter seu tratamento de forma crônica nas mais de 800 unidades de diálise pelo país. Censo realizado desde julho de 2020 pela ABCDT em parceria com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e apoio da Associação Brasileira de Enfermagem em Nefrologia (Soben), aponta que pelo menos 44.564 pacientes renais crônicos já foram contaminados com o coronavírus. Esse número representa aproximadamente 32% do total de renais

Pacientes com COVID-19

Entre as medidas que precisam ser adotadas nos casos de pacientes renais crônicos suspeitos e positivos ao Covid-19, estão a aquisição de equipamentos de proteção individual, a criação de local próprio de isolamento para a Covid-19 nas unidades de diálise, a abolição do reuso nos casos de pacientes infectados confirmados. Estão sendo consideradas a contratação emergencial de pessoal qualificado para atender esses pacientes, viabilizando a criação de turnos extras para realizar hemodiálise nos infectados, além do pagamento de hora extra para funcionários que poderão vir a cobrir o turno de outros funcionários afastados por contraírem a Covid-19. 

Doença Renal e subfinanciamento

A doença renal crônica (DRC) é uma das principais causas de morte no Brasil, com 40 mil novos casos ao ano. Atualmente, o país soma 140 mil pacientes em tratamento renal crônico, sendo 85% com a terapia financiada através do Sistema Único de Saúde (SUS). No Brasil, 820 estabelecimentos prestam o serviço de diálise, sendo 710 unidades clínicas privadas. Apesar desta crescente, o número de clínicas renais se manteve praticamente inalterado nos últimos anos, tornando crítico o acesso da população às alternativas de tratamento, resultando em filas de espera e ocupação de leitos hospitalares para realização de diálise.

Historicamente o setor enfrenta grave crise financeira em função de subfinanciamento e falta dos valores de procedimentos pagos pelo SUS, que não acompanharam a inflação ou índices de reajustes mínimos. A hemodiálise nos últimos seis anos teve somente 8,47% de aumento, e a diálise peritoneal, ainda mais crítica, nos últimos 15 anos, apenas cerca de 6%. Frente a este quadro, que será ainda mais agravado com o fim do Convênio ICMS e consequente aumento de custos, os estabelecimentos perderiam sua capacidade de investimento em qualidade, segurança, expansão e até da manutenção das atividades.

Asimp/ ABCDT

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