Em reunião da Câmara de Londrina, secretário de Saúde confirma terceira onda e aponta sobrecarga dos hospitais
Encontro, ontem (26), foi coordenado pela Comissão de Seguridade e pela Comissão de Acompanhamento do Plano de Vacinação Contra a Covid-19
Londrina atravessa um momento preocupante, com o início de uma terceira onda de covid-19 e a sobrecarga dos serviços de saúde, tanto públicos quanto privados. A situação foi apresentada pelo secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, em reunião pública realizada ontem (26) pela Câmara Municipal de Londrina (CML) para debater o tema: “Novas variantes da covid-19 e suas interferências quanto à eficácia da vacina”. “O momento que estamos atravessando é novamente de bastante preocupação. Confesso que até me surpreendo um pouco com a mudança que tivemos no nosso cenário epidemiológico. Nós, via de regra, temos um intervalo um pouco maior entre uma onda e outra, foi assim entre a primeira e a segunda ondas em todos os lugares do mundo. Mas a segunda e a terceira, aqui no Brasil, estão muito próximas. Nosso sistema de saúde nem se recuperou 100% do tensionamento que vivenciamos no final de janeiro”, afirmou. Ainda segundo ele, quanto mais o país se distancia de um controle adequado da pandemia, mais a população está suscetível ao surgimento de novas variantes do novo coronavírus.
O encontro desta quarta foi coordenado por duas comissões da CML: Comissão de Seguridade Social e Comissão de Acompanhamento do Plano Municipal de Vacinação Contra a Covid-19. Presidente da comissão especial, o vereador Nantes (PP) considerou a reunião importante para sanar dúvidas dos parlamentares sobre o processo de vacinação em Londrina e sobre a eficácia dos imunizantes com relação às variantes do vírus atualmente identificadas. Ele também chamou a atenção para o crescimento dos casos de covid-19 em Londrina. “Na reunião foi enfatizada a questão do momento da pandemia que estamos passando. Estão aumentando os casos, em Londrina e no estado, e as vacinas não estão ainda em um ritmo a contento”, afirmou. A vereadora Lenir de Assis (PT), que preside a Comissão de Seguridade Social, considerou a situação apresentada alarmante. “O fato de estar tudo aberto, a questão dos ônibus lotados, a questão do não retorno às aulas presenciais enquanto todos os trabalhadores não estiverem imunizados. Medidas como essas e outras que possam ser decretadas pelo prefeito são fundamentais para que consigamos conter esse vírus”, disse.
Durante a reunião, o secretário municipal de Saúde explicou que as variantes do vírus surgem a partir de mutações ocorridas como resultado da alta taxa de disseminação da doença. De acordo com ele, atualmente há três variantes que preocupam: a “B.1.117”, do Reino Unido; a “P1”, com epicentro em Manaus, mas que se espalhou por todo o país; e a “B.1.617”, da Índia. Felippe Machado ressaltou que tanto a variante de Manaus quanto a do Reino Unido circularam em Londrina. Segundo ele, ambas tornaram a doença mais agressiva e transmissível. “Verificamos que pessoas novas, sem comorbidades, com a saúde relativamente em dia, acabaram dependendo de suporte de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). [..] Demoramos mais de um ano para atingir marca de pouco mais 200 mil óbitos (no país) e em dois meses já dobramos essa marca por conta dessa questão das variantes”, disse.
Conforme o secretário de Saúde, a taxa de transmissão da covid-19 em Londrina, que já esteve em 0,86, alcançou 1,11 nesta terça-feira (25). “Todos os nossos serviços estão passando por um momento de bastante sobrecarga. E isso, destaco, não é só no SUS. […] Os hospitais estão neste momento sob um forte tensionamento”, afirmou. Ainda segundo Felippe Machado, estudos mostram a eficácia das vacinas contra as três variantes mais preocupantes, mas outras cepas, mais resistentes, ainda podem surgir. “Estudos recentes com relação às vacinas da Astrazeneca e da Pfizer apontaram que capacidade de resposta imunológica diminui um pouco com a variante indiana. Em que pese essa diminuição, a proteção que resta é altamente relevante. Quanto mais vacinarmos, mais vamos evitar que novas cepas surjam. Pode surgir uma cepa para a qual as vacinas não sejam eficazes”, alertou.
Apoio da iniciativa privada
Além de Felippe Machado, participou da reunião a líder em Londrina do Grupo Mulheres do Brasil, Juliana Barbosa. Criado em 2013 e presidido pela empresária Luiza Trajano, o grupo tem 90 mil voluntárias no país todo e criou a campanha Unidos pela Vacina. O objetivo é reunir a sociedade civil para acelerar a imunização contra a covid-19 no país. Em uma das frentes de atuação, o grupo mapeia os principais entraves dos municípios na vacinação e busca empresas parceiras que possam ajudar as cidades. “Em março e abril fizemos uma pesquisa com os 5.569 municípios do Brasil. As cidades diziam se havia algum tipo de gargalo impedindo o processo de vacinação, como falta de freezer para armazenamento de vacinas, agulhas, seringas. Agora estamos fazendo o processo de revalidação da pesquisa com as secretarias de saúde. […] Vamos fazer a mediação entre o que o município precisa e os doadores, as empresas que vão apadrinhar esses municípios”, explicou.
Asimp/CML
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