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Nota técnica de pesquisadores de instituto e universidades federais foi apresentada ontem (19) durante reunião pública da Câmara de Londrina

No fim da tarde desta quarta-feira (19), os vereadores de Londrina realizaram reunião pública on-line para debater uma nota técnica sobre a pandemia de covid-19 em Londrina. O estudo foi publicado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas do Amazonas (Inpa), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

A reunião foi transmitida ao vivo pelos canais da Câmara Municipal de Londrina (CML) no Facebook e no Youtube. O evento foi organizado por três comissões do Legislativo: Comissão de Educação, Cultura e Desporto, Comissão de Seguridade Social e Comissão Especial de Acompanhamento do Plano Municipal de Vacinação contra a Covid-19.

A vereadora Lenir de Assis (PT), presidente da Comissão de Seguridade Social, afirmou que o estudo será enviado para o município e para o governo do Paraná e defendeu que as aulas nas escolas estaduais não sejam retomadas na próxima segunda-feira (24), como prevê o Núcleo Regional de Educação (NRE). “Neste momento, estamos na iminência, no estado, do retorno às aulas, e fica o apelo dessa intervenção, para que, diante destes dados, [o NRE] possa urgentemente rever esse encaminhamento”, afirmou.

O estudo

A nota técnica avaliou dez municípios paranaenses e indicou que Londrina pode ter um aumento drástico de casos de covid-19 até junho e as medidas de flexibilização, como a retomada das aulas presenciais, podem ser consideradas seguras após a vacinação de 70% da população. A análise levou em conta dados epidemiológicos, taxas de vacinação e mobilidade urbana da população até meados de abril em: Curitiba, Foz do Iguaçu, Cascavel, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava, Toledo, União da Vitória e Francisco Beltrão.

O coordenador do estudo, o biólogo e pesquisador Lucas Ferrante, do Inpa, informou que Londrina apresenta a situação mais crítica dentre os municípios avaliados, podendo ter um novo pico da covid-19 em junho, com diminuição da onda em agosto e manutenção de índices médios de dez mortes diárias até outubro. “Em todo o mês de maio, Londrina teve ter, em média, quase 200 internações em tratamento intensivo, [...] podendo chegar até entre 15 e 20 mortes diárias, permanecendo por maio e junho, se nenhuma medida restritiva for tomada. Então é um cenário preocupante”, revelou.

Aulas presenciais

Conforme a pesquisa, o relaxamento do distanciamento social e o retorno das aulas nas modalidades presencial ou híbrida deve agravar a situação dos municípios avaliados, aumentando o número de casos, internações e óbitos, mesmo nas cidades que já tiveram quedas destes índices. Ferrante afirmou que, neste momento, é inviável o retorno das aulas presenciais na rede pública e a manutenção deste modelo nas escolas privadas, pois segundo ele, o uso de máscaras de tecido não é mais eficaz para evitar o contágio e as ações de higiene deveriam ser intensificadas ao ponto de higienizar os banheiros após o uso individual. “[Há] recomendação de implantação imediata de medidas mais restritivas, dada a situação que se aplica para Londrina. Londrina precisa de um lockdown, não existe outra saída neste momento, e o retorno híbrido ou presencial será seguro [...] quando a vacinação avançar para até 70% de toda a população”, assegurou.

A reunião foi solicitada por meio de ofícios protocolados pela APP-Sindicato, que apoiou a realização da pesquisa no estado. O vereador Eduardo Tominaga (DEM), integrante das comissões de Seguridade Social e de Educação, posicionou-se favoravelmente às aulas presenciais ou híbridas, mas com regras diferenciadas para o setor público e privado. O parlamentar ressaltou que hoje, em Londrina, as escolas municipais e os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) realizam atendimentos pedagógicos com até 5 alunos por sala e defendeu a ampliação das atividades de forma híbrida, facultativa e gradual, de acordo com a realidade de cada instituição. “Respeito a ciência, mas tenho plena certeza de que há como os governos se organizarem para garantir o retorno às aulas de forma gradual. É óbvio que não dá para a gente voltar ao normal com todos os níveis de uma vez, mas como prioridade, a escola deve voltar. A organização é possível, porque dentro das escolas existe a preparação. [...] A secretaria [municipal] de Educação tem informações suficientes para fazer um planejamento para um retorno mais seguro”, argumentou.

O vereador Nantes (PP), presidente da Comissão Especial de Acompanhamento do Plano Municipal de Vacinação contra a Covid-19, ressaltou a importância de se debater o assunto. “É uma temática que, realmente, tem que ser bem discutida. Temos uma visão com relação à pandemia, que trouxe e continua trazendo um prejuízo educacional [...]. Nós vamos ter até que pensar no pós-pandemia, como recuperar esse tempo perdido, se é que existe como recuperá-lo”, afirmou.

Também participaram da reunião representantes de outras entidades locais. Marselle Nobre de Carvalho, professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e coordenadora do Projeto Safety, de monitoramento da covid-19, afirmou que o estudo apresentado coincide com os dados coletados pela instituição. A promotora de Defesa da Saúde Pública de Londrina, Susana de Lacerda, ressaltou que Londrina já tem registrado número de mortes dentro do quadro de pico apresentado pelo pesquisador, como, por exemplo, na última segunda-feira (17), quando foram computados 16 óbitos por covid-19 na cidade. Já a diretora-superintendente do Hospital Universitário (HU) da UEL, Vivian Feijó, destacou que nesta quarta-feira, todas as 146 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) em Londrina estavam ocupadas.

Asimp/CML

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