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Pesquisa do Hospital Universitário faz parte da rede de pesquisas BRICnet e foi proposta pelo Hospital Albert Einstein e Hospital do Coração de São Paulo

O Hospital Universitário (HU) de Londrina participa, desde segunda-feira, de um estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICnet), que analisa a eficácia do medicamento hidroxicloroquina para pacientes com Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O objetivo é avaliar se os benefícios são maiores do que os potenciais danos à saúde dos pacientes.  A iniciativa foi proposta pelos hospitais Albert Einstein e Hospital do Coração (HCor) de São Paulo, classificados como de excelência máxima no país. O HU é o único hospital da região que avaliará o uso da hidroxicloroquina simples e também a medicação combinada com o antibiótico azitromicina, para verificar se há diferença entre os tratamentos.

Para a superintendente do HU, Vivian Feijó, a pesquisa vem se somar a outras ações, como a instalação de um hospital de campanha, para implementar um atendimento diferenciado e de qualidade neste momento de pandemia. “Não há um protocolo específico para o tratamento do coronavírus e fazer parte deste estudo, junto a grades hospitais como o Einstein, é motivo de orgulho para toda nossa equipe”, afirma a diretora.

O HU acompanhará o tratamento com  a medicação em pelo menos 20 pacientes. Em todo país, 60 centros de estudo estarão replicando a experiência. Na pesquisa encomendada pelo Hospital Albert Einstein serão avaliados os pacientes mais graves, e, na solicitada pelo HCor de SP, os menos graves.

A médica intensivista do HU, membro da BRICnet, Cintia Magalhães Carvalho Grion, pesquisadora líder da cidade, relata que todo dado coletado será inserido em uma plataforma na internet, para que os hospitais tenham acesso diário ao conteúdo. “A previsão é obtermos os primeiros resultados no final de junho ou início de julho, se tudo correr bem. A divulgação do conteúdo final deve ser feita pelos hospitais que propuseram o estudo”, disse.

A pesquisadora explicou que o estudo que está sendo realizado e a liberação do uso da medicação para alguns casos, pelo Ministério da Saúde, são coisas distintas. “Até a medicação que utilizamos para as duas situações vem de lugares diferentes. A hidroxicloroquina da pesquisa é enviada pelos hospitais que a propuseram, e a que usamos nos pacientes com Covid-19, mediante indicação e ciência do paciente, são da farmácia do HU”, contou.

Os hospitais coordenadores também elencam os critérios dos pacientes que podem participar do estudo. O usuário precisa ter mais de 18 anos, comprovação da suspeita da doença, que pode se dar pela avaliação do quadro clínico, feita pelo hospital, ou por teste. Também é necessário que o paciente não esteja em um quadro muito avançado da doença e que assine termo de ciência. “Na semana passada, tivemos a aprovação do Comitê de Ética, para participar da iniciativa, e recebemos o medicamento na segunda-feira (6). Neste momento, a equipe está terminando o rastreamento dos pacientes elegíveis para o estudo”, disse. Hoje mesmo devem ser ministradas as primeiras doses.

 “Todo paciente que chega ao HU com suspeita da Covid-19 é avaliado pelo infectologista, que notifica a equipe de pesquisa do hospital. Na sequência, os pesquisadores avaliam o paciente pelos critérios de triagem da pesquisa, e, se ele preencher os requisitos, é feito o convite para que ele participar da experiência”, explica a pesquisadora.

O HU foi escolhido para participar das pesquisas dos hospitais de excelência há cinco anos. Aproximadamente dez especialistas em infectologia, pneumologia, medicina intensiva e farmácia participam do estudo. Na opinião de Cintia, os ganhos da participação, para o hospital, são inúmeros. “Toda pesquisa clínica traz experiência e conhecimento para as equipes, o que eleva a qualidade de assistência ao paciente”, disse.

Para o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, a pesquisa comprova que a cidade está sendo protagonista em relação ao enfrentamento do coronavírus. “Ter o hospital de referência para o coronavírus selecionado pelos grandes centros hospitalares para o estudo demonstra a representatividade da cidade. Evidente que ainda há um longo período a se percorrer, no sentido da comprovação da eficiência deste medicamento, mas isso nos traz uma perspectiva de avanços, de progresso científico. A expectativa é de possamos brevemente oferecer aos nossos pacientes, depois de tudo testado e monitorado, um tratamento eficaz”, afirmou.

Até agora, o uso da hidroxicloroquina e cloroquina no Brasil é autorizado pelo Ministério da Saúde em pacientes em estado crítico e também naqueles em estado moderado já internados nos hospitais, desde que o médico e paciente concordem com o uso. O uso das medicações por pacientes infectados com o novo coronavírus ainda está em fase de testes e de estudos em todo o mundo, mas ainda não há evidência cientifica sólida sobre os seus benefícios para este fim. A Organização Mundial da Saúde tem monitorado estes estudos.

Usualmente, a cloroquina e o seu análogo hidroxicloroquina clinicamente são indicados para o tratamento das doenças artrite reumatoide e artrite reumatoide juvenil (inflamação crônica das articulações), lúpus eritematoso sistêmico e discoide, condições dermatológicas provocadas ou agravadas pela luz solar e malária.

Perigos da automedicação

Em seus pronunciamentos, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem afirmado que não há orientação para o uso indiscriminado do medicamento. A maioria dos infectados por coronavírus não tem complicações e se recuperam sem sequelas.

O ministro também vem alertando que a  hidroxicloroquina tem efeitos colaterais, principalmente entre os mais idosos e sensíveis, e pediu, ao Conselho Federal de Medicina (CFM), uma posição até 20 de abril sobre o uso do medicamento. Por isso, os médicos pedem que a população não se automedique.

A médica intensivista recrutada para a pesquisa explica que a automedicação traz dois tipos de riscos: para a própria pessoa que faz uso, já que estes medicamentos possuem efeitos adversos, e para os pacientes que precisam utilizá-los para outras doenças, pois pode haver desabastecimentos nas farmácias.

“Quando o médico prescreve a medicação, ele faz um acompanhamento da sua toxidade, por meio de exames. Quando a pessoa se automedica, ela não faz essa monitoração, o que pode causar mais riscos do que benefícios. A dose da hidroxicloroquina para pacientes com Covid-19 tem que ser alta, por isso os médicos que a prescrevem fazem o acompanhamento diário dos sinais e toxidade no paciente”, frisou.

Além disso, a médica explicou que os efeitos colaterais causados por este medicamento muitas vezes são parecidos com os sintomas que o coronavírus causa ao organismo, por isso é preciso ter cuidado no uso e acompanhamento por uma equipe experiente. “A hidroxicloroquina e cloroquina se tornaram símbolos da salvação. Pode ser que sejam, mas estamos longe de ter esta certeza, por isso a população precisa se acalmar”, finalizou.

NCPML

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