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Em novas visitas realizadas na segunda-feira (04), desta vez à Maternidade Municipal Lucilla Ballalai e Pronto Atendimento Infantil (PAI), diretores do Sindmed  conversaram com médicos, enfermeiros, pacientes e puderam conferir in loco as péssimas condições de trabalho dos profissionais e de estrutura do serviço municipal de saúde em Londrina.  Esta foi a terceira rodada de visitas, que já aconteceram recentemente nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Jardim Sabará, Jardim Leonor e Jardim do Sol.

O grupo que percorreu as instalações da Maternidade e do PAI foi composto pelo presidente do Sindmed, Alberto Toshio Oba, e pelos diretores Mário Machado Júnior e Cláudio Talarico,  acompanhados pelo promotor Paulo Tavares, da Promotoria de Justiça de Direitos Constitucionais, pelo presidente do Conselho Municipal de Saúde, Cicero Cipriano Pinto, e assessores do presidente da Câmara Municipal, Mário Takahashi, e o do vereador João Martins, da Comissão de Seguridade Social, que não puderam estar presentes.

A exemplo do que já havia sido verificado nas UPAs, a estrutura física nas instalações é precária – portas que não fecham ou não existem, camas e berços quebrados,  fios soltos, rachaduras, infiltrações, mofo, goteiras e vários outros problemas decorrentes da falta de manutenção. Também  faltam  equipamentos e medicamentos, até mesmo básicos – no PAI  não havia amoxicilina. Na maternidade a pediatra plantonista não tinha sequer um estetoscópio infantil e faltam oxímetros.

A situação se agrava nos dias de calor.  No PAI, onde há equipamentos de ar-condicionado instalados estes não funcionam e são poucos os ventiladores. Há salas sem janelas, sem nenhuma ventilação. Na Maternidade, a mesma situação: quartos quentes, ventiladores quebrados.  E conforme o verão vai chegando, a situação piora.  A falta de conforto térmico tende a afetar os recém-nascidos. Segundo relatos colhidos junto aos funcionários, no verão os bebês fazem quadros de hipertermia devido à instabilidade térmica, o que triplica o número de exames necessários no período.

A segurança é outro  problema grave, principalmente no PAI. Invasões do prédio, roubos de pertences de funcionários e pacientes são comuns, devido à fragilidade das instalações, muros baixos e sem grades. Faltam portas. Não há guardas ou vigias.

 “São muitas circulares internas sem respostas”, disse uma médica do PAI, relatando que tudo é documentado para a Secretária de Saúde, mas nenhuma atitude é tomada pelo poder público. “É quase como um campo de batalha. Temos que fazer muito com poucos recursos”, reforça.

Desrespeito ao médico e à população

Segundo o presidente do Sindmed, Alberto Toshio Oba, os médicos estão sobrecarregados. Profissionais que se aposentam, pedem exoneração ou  cumprem licenças  não são substituídos. Muitas vezes, mesmo com horas extras, as escalas não são inteiramente cobertas.

A questão das horas extras também é problemática. Cada médico tem um limite estabelecido,  que não pode ser superado. Os profissionais reclamam também que o banco de horas não funciona, já que pela equipe contingenciada não é possível fazer compensações. “A situação é realmente crítica. Na própria maternidade, no período da tarde,  a escala contempla apenas um plantonista pediatra. Como fica esse profissional nos momentos em que  ocorrem dois, três partos simultâneos? O que temos visto nas visitas às unidades de saúde é um grande desrespeito aos médicos e à população”, avalia Toshio Oba.

E as inconformidades  vão muito além. Médicos que precisam se cotizar para comprar  móveis e utensílios para a sala de descanso, não recebem refeições. Plantonistas não tem sequer um  local para lavar pratos e talheres das refeições  que precisam ser trazidas de casa.

Audiência Pública sobre a Saúde Pública Municipal

O Sindmed vai participar na próxima segunda-feira, dia 11, às 19h, da  Audiência Pública convocada pela Câmara Municipal de Londrina, por meio da Comissão de Seguridade Social com o tema “Saúde Pública Municipal – Atendimento Oferecido à População”.

“Vamos levar nossas  reivindicações, destacando principalmente a necessidade de os médicos do serviço público municipal serem de fato  contratados como  médicos e não mais como promotores de saúde, como acontece na cidade, num flagrante desrespeito à categoria. Queremos também melhoria das condições de trabalho dos profissionais - desde materiais, segurança, suporte de apoio em relação à alta complexidade e também uma resolutividade maior do sistema de saúde com o intuito de aliviar a sobrecarga de trabalho da categoria”, frisa o presidente do Sindmed.

A entidade reivindica  ainda a  reposição das perdas salariais acumuladas entre os anos 2000 e 2009 e a complementação dos percentuais  pagos pelo exercício de  Atividade de Responsabilidade Técnica (ART). Os médicos recebem  hoje 25% de ART enquanto os demais funcionários de nível superior alcançam 70%.

Cristina Luchini/Asimp

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