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Mais conhecida como gota, a artrite gotosa pode ser definida como um quadro inflamatório grave. Na fase aguda da doença, o paciente sofre dor articular intensa e incapacitante que se agrava com a evolução da enfermidade. As terapias atuais são restritas ao uso de anti-inflamatórios não esteroidais que apresentam vários efeitos colaterais. Essas restrições levaram um grupo de pesquisadores do Departamento de Ciências Patológicas (CCB) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) a estudar novas formas de tratamento para a doença.

Coordenado pelo professor Waldiceu Aparecido Verri Júnior, o projeto busca novas terapias para melhoria da saúde do paciente com artrite gotosa, conta com a participação de estudantes de mestrado, doutorado e pós-doc. As pesquisas estão divididas em sete subprojetos com enfoque nos efeitos destas terapias para o tratamento da artrite gotosa, envolvendo os programas de pós-graduação em Patologia Experimental e em Ciências da Saúde (CCS).

Segundo o doutorando Kenji William Ruiz Miyazawa, existem poucas estatísticas sobre essa doença no Brasil e no mundo. “O que temos são dados de 2015 publicados em uma revista norte-americana apontando que 1 a 2% da população americana sofrem desta patologia, o que corresponde a cerca de três milhões de pessoas”. Kenji Miyazawa diz ainda que estudos realizados na França em 2014 apontaram que no país existiam cerca de 600 mil pessoas acometidas pela artrite gotosa. “No Brasil, as estatísticas revelam que uma a cada 40 pessoas sofre com a doença”, acrescenta.

É uma das mais antigas doenças descritas pela humanidade. Considerada crônica e progressiva, pode causar sérias deformidades articulares e invalidez se não for tratada corretamente. O professor Waldiceu Verri esclarece que a gota é uma alteração metabólica das proteínas que leva ao aumento do ácido úrico no sangue. “Este aumento na concentração de ácido úrico pode provocar a formação de cristais que se depositam nos tecidos, principalmente nas articulações, formando nódulos inflamatórios e dolorosos”, diz o pesquisador. 

RISCOS - A artrite gotosa atinge homens na faixa dos 45 anos e mulheres após a menopausa. Os fatores de riscos estão mais relacionados à obesidade, nefropatias e a uma alimentação rica em carnes, frutos do mar e enlatados considerando que esses alimentos são ricos em proteínas, mas isso vai depender muito de como o organismo metaboliza o que consumismo. “Por isso, não podemos generalizar porque cada organismo reage de forma diferente”, ressalta Kenji Miyazawa. 

EFEITOS - As novas terapias que estão sendo pesquisadas pelo grupo visam melhorar a qualidade do paciente considerando que as atuais provocam muitos efeitos colaterais. “Os anti-inflamatórios utilizados atualmente bloqueiam a proteção mucosa do estômago causando dores e formando úlceras, outros causam náuseas, dores abdominais e diarreias. Ou seja, melhoram a dor derivada da gota, mas trazem outros desconfortos ao paciente”, explica Waldiceu Verri.

O professor destaca que as novas terapias visam justamente inibir a doença e os efeitos colaterais. São testes pré-clínicos que usam modelos em camundongos. “Estamos pesquisando novas moléculas derivadas de plantas, uma delas são os flavonóides que em outros modelos de inflamação inibem os mecanismos que estão envolvidos na artrite gotosa e apresentam baixo índice de efeitos colaterais”, esclarece. 

O grupo está avaliando a capacidade dessas moléculas de inibirem o desenvolvimento da gota em camundongos, utilizando como parâmetro: dor e edema articular, recrutamento celular para a articulação, análise histopatológica, produção de mediadores anti-inflamatórios, estresse oxidativo, entre outros. “Obedecendo os protocolos de pesquisa em animais, injetamos ácido úrico nas articulações do camundongo e testamos essas novas terapias para avaliar sua eficácia. Já temos alguns resultados preliminares que fazem parte da tese de doutorado do Kenji Miyazawa”, informa o professor.

EQUIPE - A pesquisa reúne um grupo de 20 estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado em diferentes áreas como Biomedicina, Biologia, Fisioterapia, Farmácia e Enfermagem. “As ciências patológicas atraem estudantes de outras áreas porque é o estudo experimental das patologias de uma forma geral”, sintetiza Waldiceu Verri. O grupo conta também com parceiros de peso como Unicamp, Universidade do Arizona (EUA), Universidade Estadual de Roraima, Faculdade de Odontologia e Medicina (Mandic) de São Leopoldo (RS) e USP de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

AEN

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