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Campanha “Setembro Verde” engloba atividades que buscam informar a população sobre o transplante e a doação de órgãos

Durante o mês de setembro, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizará, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), ações educativas para a campanha Setembro Verde. As atividades serão concentradas nas salas de espera e nos grupos desenvolvidos com a comunidade, e integram a programação especial pelo Dia Municipal do Doador de Órgãos e Tecidos, em 27 de setembro. A campanha faz parte do calendário de Comemorações Oficiais do Município, e foi instituída pela lei municipal nº 12.175.

As atividades realizadas nas UBSs buscam conscientizar a população sobre a importância do transplante de órgãos e tecidos, além de esclarecer alguns mitos. No Setembro Verde, o objetivo é incentivar a doação e a declaração para familiares da intenção de ser doador.

De acordo com a gerente regional da Diretoria de Atenção Primária à Saúde (DAPS) da SMS, Elisângela Bazzo, a doação de órgãos e tecidos é voltada ao paciente que está em fila de espera, já passou por diversos tipos de tratamentos disponibilizados pela medicina, mas não conseguiu recuperar o bem-estar ou sua qualidade de vida. “Fazemos essas ações porque vemos na sociedade que é um assunto considerado tabu, com muitos mitos, e algumas pessoas têm até medo de falar sobre isso. Então como as UBSs atuam diretamente com a comunidade é importante abordar esse tema”, afirmou.

Elisângela citou que uma das dúvidas mais comuns sobre a doação de órgãos refere-se à fila de espera para transplantes. “Em nosso estado, há uma legitimidade muito grande quanto aos protocolos e critérios adotados. Então, nessas ações, frisamos a segurança do Sistema Nacional de Doação de Órgãos, entre outros assuntos. A nossa intenção é provocar a reflexão e o diálogo, para que facilite o processo de escolha e tomada de decisão, caso seja necessário”, ressaltou.

Os educadores físicos que atuam no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) participam, desde o ano passado, de capacitações sobre o tema. “Além deles, as psicólogas do NASF também são aptas a tratar da doação de órgãos e tecidos. Acreditamos que os grupos de atividades conduzidos pelos educadores físicos são uma ótima oportunidade para despertar o interesse da população sobre esse assunto”, disse a gerente regional da DAPS.

A agenda das ações de conscientização foi desenvolvida pelas unidades, como explicou a coordenadora da Saúde do Adulto da SMS, Juliana Marques. “Essas datas são importantes para se debater e levar informações para os profissionais da saúde e, posteriormente, para toda a população. É fundamental que sejam feitas discussões sobre a doação e o transplante de órgãos”, contou.

Programação

Nos dias 18, 20, 25 e 27 de setembro, às 8horas, na sala de espera da UBS da Vila Brasil, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família realizará encontros com a participação de estudantes de fisioterapia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Nesses dias, haverá apresentações e discussões sobre a doação de órgãos e também sobre o alzheimer. A UBS da Vila Brasil fica na Rua Argentina, 600.

As Unidades Básicas de Saúde do Jardim Panissa/Maracanã, Tókio e Bandeirantes irão elaborar cartazes explicativos sobre a doação de órgãos para a fixação na sala de espera.

Dados

Um doador pode salvar até dez vidas, através do transplante de rins, pulmões, coração, fígado, pâncreas, ossos, medula óssea, córneas, entre outros. E o Sistema Único de Saúde (SUS) possui o maior programa público de transplante do mundo.

O relatório da Secretaria de Estado de Saúde indica que, até o final de agosto, a fila de espera por um transplante no Paraná contava com 1.641 pacientes, entre ativos e semiativos. Para transplante de rim, são 1.284 receptores aguardando doação, outros 216 para fígado, 70 para córneas, 35 para coração, 27 aguardam rim e pâncreas e 9 estão na fila para pâncreas.

A Central Estadual de Transplantes (CET/PR) é quem coordena o Sistema Estadual de Transplantes (SET), composto pelas Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplantes (OPO) de Londrina, Maringá, Cascavel e Curitiba, além dos centros transplantadores e outros serviços credenciados.

A coordenadora da OPO Londrina, Emanuelle Fiorio Zocoler, detalhou que a organização realiza uma busca ativa em hospitais, para verificar possíveis doadores de órgãos. “Essa busca envolve pacientes com abertura de protocolo de morte encefálica, que possuam no mínimo 6 horas em tratamento e estejam em coma irresponsivo. Em Londrina, isso é feito diariamente, e atuamos também em toda a macrorregião norte do Estado”, descreveu.

Emanuelle acrescentou que, na identificação de um doador em potencial, a OPO faz a aproximação com acolhimento da família, e auxilia o hospital nos procedimentos e protocolos. “O processo envolve dois exames clínicos, feitos por médicos diferentes e habilitados, um teste de apneia e um exame de imagem complementar. E somente com o diagnóstico de morte encefálica, é feita a entrevista com a família, oportunizando a doação de órgãos. Nos hospitais de Londrina, é possível realizar transplantes de coração, rins, ossos, tecidos e córneas”, informou.

A doação de órgãos e tecidos pode ser limitada de acordo com o perfil do doador. “Nas situações em que houve morte encefálica, o doador é apto a doar órgãos sólidos, como rins, fígado ou pâncreas. Porém, na maioria dos casos, o doador sofreu parada cardiorrespiratória, o que limita a doação aos globos oculares e válvulas cardíacas”, detalhou Emanuelle.

No Paraná, de 2010 a 2018, o número de doadores efetivos por morte encefálica saltou de 6,8 para 50,6 por milhão de habitantes. Das 821 notificações registradas neste ano, 382 tornaram-se doações efetivas. A recusa familiar desponta como o motivo que mais impediu doações, pois ocorreu em 26% das notificações, seguida de contraindicação clínica (19% dos casos).

Os transplantes também podem ser efetuados quando o doador está em vida. A coordenadora da OPO Londrina citou que isso pode ser feito para doação de parte do fígado, de um pulmão ou um rim. “Nestes casos de doação em vida, é preciso que haja parentesco de primeiro ou segundo grau, entre o paciente e o doador. Caso não sejam familiares, o procedimento é feito somente com autorização judicial”, frisou.

O processo de doação e transplante de órgãos envolve toda uma cadeia de serviços e logística, e faz com que cada órgão ou tecido chegue aos pacientes dentro dos prazos necessários. Na próxima segunda-feira (24), às 9 horas, a OPO Londrina e a 17ª Regional de Saúde irão realizar uma solenidade em homenagem a esses serviços, no auditório do Aurora Shopping, localizado no 4º andar, na Avenida Ayrton Senna da Silva, 400.

Dentre as autoridades que devem comparecer no evento estão o secretário de Estado da Saúde do Paraná, Antonio Carlos Nardi, a coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Arlene Terezinha Cagol Garcia Badoch, entre outros. Foram convidados também os familiares de doadores e pacientes transplantados. “Será uma solenidade para agradecer a nossa rede de apoio, como empresas que não cobram a passagem dos médicos que irão realizar os transplantes ou das caixas com órgãos, a Polícia Militar, que disponibiliza batedores para os transplantes cardíacos, a Secretaria Municipal de Saúde, entre outros parceiros”, completou a coordenadora da OPO Londrina.
Juliana Gonçalves/NCPML

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